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Comandante se irrita com crítica

Chefe do Decea diz que o fato de não terem sido recolhidos destroços do avião não significa falta de pistas

Por Monica Bernardes
Atualização:

Ainda sem data definida para o final da operação de buscas pelo Airbus da Air France desaparecido no Atlântico, o brigadeiro Ramon Borges Cardoso, comandante do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), afirmou ontem, em entrevista coletiva no fim da tarde, que serão feitas reuniões semanais de avaliação. "Acreditamos que ainda tenhamos um trabalho longo, mas só podemos falar em prazos à medida que o tempo for passando e fizermos uma análise dos resultados", disse, ao comentar os trabalhos feitos durante a semana. Questionado sobre a ausência de material resgatado e as críticas de alguns parentes das vítimas, o militar reagiu com irritação. "O fato de não termos coletado material não significa que não tenhamos pistas." Ainda segundo o comandante, não há restrições da Aeronáutica ou da Marinha em relação a custos. "Recebemos orientação de fazer o que tiver que ser feito." Mais cedo, ela havia dito: "A mancha de querosene, a poltrona e alguns pedaços da parte interna e da fiação da aeronave foram avistadas na região. Mas naquela ocasião, esses destroços, que faziam parte de uma área de aproximadamente três quilômetros, não eram a prioridade. Estávamos em busca primeiramente de sobreviventes ou de corpos. Mas estes materiais, visualizados pelas equipes de busca realmente fazem parte dessa aeronave". Perguntado se a força-tarefa militar brasileira havia recebido alguma avaliação do governo francês, o militar foi enfático. "A responsabilidade pela busca e coleta de materiais é do Brasil. A França tem a competência de realizar as investigações que irão apontar as causas do acidente. Nossa prioridade era, primeiro, tentar encontrar sobreviventes. Segundo, achar corpos para entregar às famílias. Terceiro, resgatar destroços. Tenho certeza de que se o acidente tivesse acontecido lá, (na França), esta também seria a ordem das prioridades deles." O quinto dia de buscas pelos destroços do Airbus foi marcado por dificuldades técnicas nas operações de rastreamento em função mau tempo na região do arquipélago de Fernando de Noronha. "A situação meteorológica na área está bastante ruim. Hoje (ontem) temos muita chuva e visibilidade baixa", havia afirmado o brigadeiro, antes da coletiva. Até mesmo o avião R-99, responsável pelo rastreamento eletrônico da área, teve dificuldades para trabalhar. Apesar disso, segundo o brigadeiro, todas as 11 aeronaves que participam da operação levantaram voo. Durante a madrugada, o R-99 fez um sobrevoo de cerca de 3 horas, mas não localizou nenhum novo ponto de destroços. Se no ar houve dificuldade, no mar as condições estavam favoráveis, segundo o almirante Edison Lawrence Dantas, comandante do 3º Distrito Naval. Apesar disso, nenhum fragmento foi encontrado. "Aguardamos indicações das aeronaves que estão fazendo a varredura da área. Mas infelizmente até o momento, apesar de elas terem feito vários sobrevoos na região onde haviam sido avistados fragmentos, não houve novo contato visual." O brigadeiro voltou a classificar como "remotas" as chances de encontrar corpos ou fragmentos. "Já se passaram mais de 110 horas desde o acidente. A situação fica cada vez mais complicada. Nosso foco passou a ser a busca pelos destroços", argumentou. Ainda segundo ele a área de busca de 6 mil km² está sendo ampliada considerando as correntes marítimas.

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