Comando da campanha de Dilma tenta conter apetite do PMDB por cargos

Operação incluiu apelo de José Eduardo Dutra para que o partido de Michel Temer se abstenha de tratar da montagem do futuro governo

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Por João Domingos e BRASÍLIA
Atualização:

O comando de campanha de Dilma Rousseff iniciou uma operação emergencial para conter o apetite dos partidos coligados que, animados com os resultados das pesquisas sobre intenção de votos, já insistem em tratar da partilha do governo e dos principais cargos do primeiro escalão e das estatais, caso a petista vença a eleição. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, também coordenador da campanha da ex-ministra, fez ontem apelo ao presidente do PMDB, Michel Temer (SP), candidato a vice na chapa de Dilma, para que o partido se abstenha de tratar da montagem do futuro governo. No domingo, reportagem publicada pelo Estado mostrou que o PMDB já planeja "partilhar os cargos meio a meio".Segundo Dutra, Temer garantiu que está lutando para pôr ordem na casa e impedir qualquer ânimo mais exaltado pela busca dos cargos. "Ele (Temer) afirmou que o PMDB não está tratando desse assunto", disse Dutra. "Até leu uma nota em que comunica que o tema nunca foi negociado com o PT e que ninguém no PMDB está autorizado a falar qualquer coisa sobre esse assunto."Pela manhã, Temer divulgou nota. "O PMDB se expressa pelo seu presidente", esclareceu Temer. "E é nessa qualidade que venho a público registrar que, em nenhum momento na aliança com o PT e demais partidos para as eleições presidenciais, houve qualquer negociação a propósito da participação no governo."De acordo com Temer, "os únicos compromissos firmados por escrito com o PT foram os de que o PMDB teria a Vice-Presidência da República e participaria da formulação do programa de governo". "É isso, apenas isso, que foi estabelecido e vem sendo rigorosamente cumprido", insistiu.Temer afirmou que o PMDB já apresentou seu programa para o País, reforçando os compromissos do PT e aliados com a população brasileira. Ele também disse que o PMDB quer colaborar e hoje está inteiramente dedicado à campanha para vencer as eleições. Por fim, o candidato a vice afirmou que toda e qualquer manifestação em outro sentido "é mera especulação e deve ser repudiada por todos peemedebistas". Conforme apurou o Estado, sob o argumento de que não é mais "convidado", mas "dono da casa", o PMDB quer, além de dividir o poder meio a meio, ter assento entre os ministros da casa e no Conselho Político que assessora a Presidência, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, na equipe econômica, e postos de chefia na Petrobrás e na futura Petro-Sal.Para José Eduardo Dutra, qualquer debate sobre a montagem de um hipotético governo Dilma agora só atrapalha. "Isso provoca a cizânia e a dispersão. Não posso acreditar que alguém está caindo nessa cantilena", afirmou o presidente do PT."Temos de lembrar que a eleição será decidida no dia 3 de outubro. Por enquanto, o que existe é intenção de votos e nada mais. Nenhum voto pingou nas urnas." Falar sobre divisão de poder, de acordo com Dutra, é "inconveniente e passa ao público uma imagem de arrogância."Ele disse ainda que está conversando com os presidentes dos partidos e com pessoas ligadas à campanha para que evitem tratar desse assunto, mas sabe que será difícil impedir que saiam notícias sobre essas ou aquelas pretensões. CensuraJOSÉ EDUARDO DUTRA PRESIDENTE DO PT"Não dá para sair por aí amordaçando a boca de todo mundo"

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