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Comando determina local da queda

Buscas estão sendo feitas num raio de 70 km a partir do ponto de última comunicação do Airbus da Air France

Por Monica Bernardes
Atualização:

Após navegarem 13.763 milhas (25.490 km) nas buscas pelo voo 447, o que representa mais de três vezes a extensão da costa brasileira, as equipes de resgate brasileiras definiram ontem pela primeira vez o local em que provavelmente se encontra submerso o A330 que fazia o trajeto Rio-Paris no dia 31. A maior parte dos corpos e destroços já recolhidos pelos comandos da Marinha e da Aeronáutica foi localizada numa região a 69,5 km do ponto onde foram enviados os últimos sinais pelo Airbus. Essa região da provável queda corresponde a um ponto virtual de navegação aérea chamado Tasil. Como não há radares nesse espaço, é ali que os pilotos devem fazer contato com os controladores de voo brasileiros - mais especificamente do Cindacta-3, com sede no Recife - para informar que estão deixando o espaço aéreo do País e seguindo para a área de Dacar (Senegal). Essa parte do Oceano Atlântico tem uma profundidade aproximada que varia entre 3,5 mil e 4 mil metros e está localizada a aproximadamente 880 km a noroeste de Fernando de Noronha e a 1.350 km do Recife. Foi para lá que todas as cinco embarcações francesas enviadas para a busca da caixa-preta se encaminham. Com prazo até o dia 1º para recolher esse equipamento, Pierre-Jean Vandoorne, embaixador nomeado pelo Ministério das Relações Exteriores da França para acompanhar a assistência às famílias, adiantou estar pessimista. "É preciso que não tenhamos muitas ilusões, mesmo que os meios técnicos empregados sejam enormes." Também foi na área no limite de jurisdição entre os dois países que navios franceses recolheram ontem mais seis corpos. Até o momento, 50 dos 228 passageiros já foram localizados. A Força Aérea Brasileira, no entanto, vai esperar o traslado dos corpos para navios nacionais para registrar esse número. Oficialmente, só foram visualizados alguns destroços nesta sexta-feira, por conta das más condições climáticas. Neste fim de semana, devem ser transferidos para a capital pernambucana mais 25 corpos que já passaram pela pré-identificação em Fernando de Noronha. Outros 16 se encontram no Recife e mais três devem chegar hoje à ilha. Um dia depois de O Estado divulgar, com exclusividade, detalhes sobre a perícia, fontes que tiveram acesso visual a alguns corpos reafirmaram que apesar do "avançado estado de decomposição, não havia nenhum sinal de queimadura ou chamuscamento". Amanhã, devem ser desembarcados no Porto do Recife um segundo lote de destroços, que está a bordo da Fragata Constituição. Entre eles está a maior peça resgatada até o momento, com aproximadamente 7 metros de comprimento, que segundo analistas em aviação faria parte do leme da aeronave. Mas de acordo com o brigadeiro Ramon Borges, diretor-geral do Decea, a possibilidade de encontrar mais corpos - e não apenas fragmentos - está ficando cada vez mais difícil. "Nós nos reunimos com alguns especialistas e eles disseram que a média de tempo para o resgate de corpos é de até 20 dias, considerando as características do meio onde estão sendo feitas as buscas. Depois disso, as chances são mínimas. A maior probabilidade é de acharmos apenas despojos", sentenciou. Criticado por familiares que não se conformam com a definição de um limite para buscas (mais informações nesta página), porém, o chefe do Decea enfatizou que o trabalho de buscas será mantido até pelo menos o dia 19. "No dia 17 faremos uma reunião de avaliação. Dependendo do resultado, nos organizaremos para continuar até o dia 25, mas a partir daí faremos avaliações a cada dois dias. Um dia, as buscas terão de terminar", comentou.

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