Comando do DEM já vê Kassab fora do partido

Prefeito, que discutiu filiação com Michel Temer no feriado, articula-se [br]para concorrer ao governo em 2014; PMDB quer ter mais força em SP

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Por Marcelo de Moraes e BRASÍLIA
Atualização:

Dirigentes do DEM já admitem que será difícil impedir que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, deixe o partido rumo ao PMDB, a partir do próximo ano. O prefeito conversou sobre o assunto no último feriado em São Paulo com o vice presidente eleito e presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP). O movimento, que não é confirmado oficialmente pelo prefeito, juntaria dois objetivos comuns. Kassab quer um partido com maior densidade do que o DEM para ter força para influir diretamente na sua sucessão na prefeitura no próximo ano e também para poder concorrer com chances ao governo de São Paulo em 2014. Por isso defendeu, sem sucesso, a fusão do DEM com o PMDB. Já os peemedebistas querem revitalizar sua presença em São Paulo com a possível filiação de Kassab. Isso garantiria ao PMDB poder imediato, com o controle da maior capital do País, e recuperação de terreno político local, depois do fracasso nas urnas paulistas, quando elegeram apenas um deputado federal no Estado.Os peemedebistas entendem que uma eventual entrada de Kassab pode ainda reforçar o projeto nacional de dar musculatura à legenda com a entrada de lideranças novas. Além de Kassab, o prefeito de Campinas, Doutor Hélio, poderia também trocar o PDT pelo PMDB.A ponte com Kassab também serviria para que o PMDB aumentasse seu poder de negociação dentro do governo federal, já que sua candidatura ao governo paulista poderia viabilizar, pela primeira vez em vinte anos, a vitória de um político não filiado ao PSDB, mesmo levando em conta toda a sua proximidade política com o tucano José Serra.Os tucanos controlam o governo paulista desde 1995. Nem mesmo a alta popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante seus oito anos de mandato foi capaz de quebrar a hegemonia iniciada naquele ano e, agora, ampliada com a eleição de Geraldo Alckmin. Se ficar no DEM, Kassab sabe que dificilmente seu partido não se aliará ao PSDB em torno do apoio à reeleição de Alckmin em 2014.Questionado ontem sobre o assunto, o governador eleito afirmou: "Não tenho informação detalhada. Mas ambos nos apoiarão (DEM e PMDB). No Estado, não tem alteração", disse.Infidelidade. Existe, entretanto, um obstáculo jurídico que atrapalha a ida de Kassab ao PMDB. O DEM poderá alegar infidelidade partidária e pedir à Justiça seu mandato. Se isso for aceito, Kassab deixaria de ser prefeito e a vice Alda Marco Antônio assumiria. Só que ela também é filiada ao PMDB, transformando a ação numa mera desforra política por não produzir nenhuma vantagem para o DEM."Queremos que o prefeito continue no partido. Por isso, nem estamos pensando em que tipo de ação jurídica poderíamos tomar", diz o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).

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