Comando do PT estuda retaliação contra vice-procuradora eleitoral

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Por Marcelo de Moraes
Atualização:

O PT estuda possibilidade de entrar com representação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra a vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau. Para o partido, ela age com excessivo rigor ao pedir investigações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob acusação de abuso de poder político em favor da candidatura de Dilma Rousseff.O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, confirmou ao Estado que encomendou um estudo aos advogados da legenda para saber se vale a pena apresentar ou não a representação contra a procuradora, pedindo algum tipo de sanção contra ela.Independentemente dessa ação, Dutra diz que, na sua avaliação, Sandra Cureau está "extrapolando as suas funções". O dirigente petista afirma que, para fazer essa crítica, baseia-se "no conjunto da obra" da procuradora ? que estaria dando um tratamento mais rigoroso aos aliados da campanha petista do que à campanha da oposição."Não tenho dúvidas de que ela está exagerando e extrapolando", diz Dutra. Ele confirmou, em sua página no Twitter, que o partido está recolhendo material para uma eventual ação.Pressão. Na prática, apresentando ou não a representação, o movimento do PT tem um claro objetivo estratégico: fazer pressão política sobre Sandra Cureau. Especialmente depois de ela ter dito que poderia investigar as declarações feitas por Lula a favor de Dilma ? nas quais ele atribuiu à ex-ministra-chefe da Casa Civil o sucesso do projeto do trem-bala ? para verificar se houve violação da legislação eleitoral da parte do presidente.Além de ter associado a presidenciável petista àquele projeto, Lula repetiu o procedimento no dia seguinte à sua primeira fala. Dessa vez, alegando que queria pedir desculpas por ter feito algo em desacordo com as normas eleitorais."Duas caras". Logo depois da manifestação da promotora alertando sobre a possibilidade da abertura de investigação, Lula e Dilma decidiram aumentar o tom, passando a criticá-la publicamente, embora sem ne nhuma menção direta ao seu nome."Na verdade, o que eles querem é me inibir, para fingir que eu não conheço a Dilma. É como se eu pudesse passar perto dela, ter uma procuradora qualquer aí, e eu vou passar de costas viradas e fingir que não a conheço. Mas eu não sou homem de duas caras. Passo perto dela e digo para vocês: é a minha companheira Dilma, que foi chefe da Casa Civil e está preparada para a Presidência da República deste País", disse Lula em referência à procuradora, durante comício na sexta-feira, no Rio de Janeiro.O passo seguinte ocorreu sábado, em Jales, no interior de São Paulo. Dessa vez foi Dilma quem reclamou, depois de ser perguntada sobre o assunto. "Acho que não se pode na vida ter dois pesos e duas medidas", afirmou. E mesmo dizendo que "não entraria em polêmica" com a procuradora, a candidata aproveitou para capitalizar também, para seu nome, o projeto do trem-bala."Tenho certeza de que vocês hão de convir comigo que, no caso do trem de alta velocidade, fui a responsável pela construção do projeto. Então, não é um elogio e sim a constatação da verdade", alegou.

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