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Começam as negociações com a PM no Tocantins

Por Agencia Estado
Atualização:

Com a intermediação de um grupo de deputados, começaram, nesta terça-feira, as negociações para o fim da greve da Polícia Militar do Tocantins, que já dura 11 dias. Porém, até à noite desta terça-feira, permanecia o impasse sobre a punição de 13 líderes do movimento, que estão com a prisão preventiva decretada pela Justiça Estadual. Os PMs estão aquartelados no Batalhão Joaquim Teotônio Segurado - "Primeiro BPM", junto com mulheres e crianças. Uma liminar expedida pela Justiça Federal, na madrugada desta terça-feira, impediu que o Exército ocupasse as guarnições, mas as tropas federais continuavam avançando lentamente em direção ao quartel. Na manhã desta terça, o comando da greve confirmou que pelo menos 800 PMs de Araguaína e Gurupi, duas das maiores cidades do interior do Estado, estavam preparados para viajar a Palmas e reforçar a manifestação. "Com certeza esses reforços não chegariam até aqui", afirmou o porta-voz do Exército, coronel Ronaldo Brito. Na noite desta terça, em nota oficial, os militares confirmaram que todas as entradas da cidade e o aeroporto de Palmas estavam bloqueados para evitar a entrada de mais grevistas. Pela manhã, o comando de greve se reuniu com o procurador-geral da República em Tocantins, Mário Lúcio de Avelar, e com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputado Nelson Pelegrinno (PT-BA), mas não houve avanço. Os grevistas continuavam irredutíveis quanto à prisão de 13 líderes da manifestação. O governo do Estado manteve a postura de punir os grevistas, até mesmo com expulsão. "Não estou estimulado a dizer que eles, os PMs, suspendam a greve", afirmou Pelegrino. O Exército também não chegou a cumprir uma liminar expedida pelo Juizado da Infância e Adolescência com relação às crianças que estão com seus pais no 1º BPM. A expectativa é que, enquanto durarem as negociações, nenhuma ação será efetivada pelas tropas. Até mesmo a prisão dos líderes do movimento não deve acontecer nas próximas horas. O Centro de Comunicação do Exército evitou falar sobre a liminar expedida pelo Juiz da Primeira Vara Federal, Marcelo Albernaz, impedindo a entrada no primeiro BPM, afirmando apenas que o caso estava sendo estudado pelo departamento jurídico do comando. Na liminar, o exercito está proibido de "atos de incursão na guarnição e em outros quartéis do Estado". A possibilidade de um acordo entre o governo e os grevistas, que querem um reajuste de 47% e melhores condições de trabalho, melhorou o clima no primeiro BPM, que só se tornava tenso quando veículos de combate Cascavel faziam manobras em frente ao quartel. Além disso, um helicóptero do Comando Aéreo do Exército passou o dia sobrevoando o acampamento dos manifestantes e seguiu uma passeata organizada por partidos políticos e entidades sindicais em favor dos PMs em greve. O momento mais tenso ocorreu à tarde, quando manifestantes políticos se agruparam próximo a uma barreira do Exército, nas imediações do primeiro BPM. Os militares se armaram com fuzis, cacetetes e escudos, mas não houve situação de confronto. Outro momento de tensão ocorreu quando Rosa Quelge esteve no quartel para buscar Mateus Oliveira Ciriano, de cinco anos, que estava com o pai, o soldado Eliézio Vieira Ciriano, de quem a mulher é separada. A retirada do menino emocionou não só os pais, mas todos que estavam em frente à guarnição. Muitas mulheres choraram com a cena de despedida de Mateus Eliézio. Mesmo assim, ninguém tentou sair do quartel para evitar ser preso, como aconteceu nos últimos dias, quando 10 soldados à paisana foram detidos pelo Exército. A possibilidade de confronto também ainda não estava descartada por nenhuma das partes. "Isso sempre vai existir, mas há uma escala que, neste momento, indica que é uma possibilidade remota", afirmou o coronel Brito.

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