Comércio adianta adaptações

Churrascaria alerta a clientela e bar pede para pôr mesas na calçada

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Por Adriana Carranca
Atualização:

Um dia depois da aprovação da lei que proíbe o cigarro em áreas de uso comum, até mesmo sob toldos nas calçadas, restaurantes e bares começam a se adaptar à exigência. Apesar de só entrar em vigor 90 dias após sancionada, a lei já é usada para alertar os fumantes. A churrascaria Bovinu?S, nos Jardins, que nos jantares reservava uma área nos fundos do salão fechado para os cerca de 30% de clientes fumantes, ontem tentava fazer valer as placas de proibido fumar penduradas nas paredes. "Eu achei boa a lei. Cigarro não combina com comida", diz o sócio Odir Pedrinho Sigolin, não-fumante. Já o seu vizinho fumante, Leopoldo Buonsanti, sócio do Boteco Brasil, na esquina da Alameda Santos com a Rua Bela Cintra, correu para entrar com um pedido de alvará, na Prefeitura, que o permita colocar mesas na calçada, ao ar livre. "Se não conseguir, não sei o que vou fazer! A lei seca já me tirou 45% do movimento, dos quais não recuperei nem 20%. Agora mais essa!", esbravejava no balcão, levando à cabeça a mão esquerda, cigarro entre os dedos, enquanto a direita fechava o caixa. "Tem gente que só fuma quando bebe. Agora, se não puderem mais fumar, não vão beber." ELOGIOS Buonsanti teme perder clientes, mas a experiência de casas pioneiras na proibição do fumo mostra o contrário. "Proibir o cigarro não atrapalhou os negócios. Não houve queda no movimento nem no consumo de bebidas", diz Cecília Loureiro, gerente do Ritz da Alameda Franca, onde fumar é proibido desde novembro. Com menos de 100 metros quadrados, por lei, a casa já não podia ter um fumódromo. Maior, a unidade do Itaim, sim, mas lá o espaço também foi extinto. "Aproveitamos o movimento mundial de locais smoking free (livres do fumo) e decidimos adotá-lo. Há quem ainda reclame, mas, no geral, recebemos muito mais elogios do que críticas. A casa ficou melhor. Dá para ver até na limpeza das paredes. E ninguém mais precisa correr para o chuveiro para tirar o cheiro de cigarro dos cabelos ao sair daqui." Clientes, as publicitárias Patrícia Saraiva, de 37 anos, e Ana Alvin, de 40, aprovam a restrição. "Sou fumante, mas, em um ambiente fechado, reconheço que a fumaça incomoda", diz Patrícia, que fuma dez cigarros por dia. Ela não deixou de ir ao restaurante depois da proibição. "Se quero fumar, venho aqui fora." Embora seja ex-fumante, a amiga Ana acha radical a nova restrição. "Eu gostava de fumar e beber, então acho um pouco demais a proibição em todos os locais de uso comum. Mas, do ponto de vista do outro, entendo." Com sócios em comum, o restaurante Spot, na Rua Frei Caneca, ainda permite fumar no bar e nas mesas do entorno. Há cerca de um ano, a área externa, onde ficam os que aguardam mesa, ganhou um toldo. "A proibição do cigarro também sob toldos nos pegou de surpresa. Vamos ter de improvisar guarda-chuvas", ironiza Sergio Kalil, um dos donos do Ritz e do Spot. Apesar de fumante, ele diz que a lei "chegou tarde". "O mundo todo já adotou a proibição. Sou do tempo em que se fumava em avião e me lembro de que no prédio de uma tia havia cinzeiro até no elevador. As pessoas vão se acostumar." FRASES Leopoldo Buonsanti Sócio do Boteco Brasil "Se não conseguir (alvará para mesas na calçada), não sei o que vou fazer! Não sei! A lei seca já me tirou 45% dos clientes nos primeiros dois meses, dos quais não recuperei nem 20%. Agora mais essa!" Odir Pedrinho Sigolin Gerente da Bovinu?S "Eu achei boa a lei. Cigarro não combina com comida"

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