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Companhias de água se unem contra a crise

Por Agencia Estado
Atualização:

Dezoito representantes de companhias de saneamento e órgãos responsáveis pela gestão das águas de mais de 50 municípios, incluindo os da Grande São Paulo, decidiram hoje intensificar ações conjuntas para enfrentar o que chamaram "risco de abastecimento", que ameaça cerca de 21 milhões de pessoas no Estado. ?Vivemos a pior situação de disponibilidade hídrica dos últimos 65 anos, e é indispensável que tomemos medidas conjuntas de gerenciamento dos recursos dos rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí, Alto Tietê e do sistema Cantareira", afirmou Elison Airoldi, superintendente da Unidade de Produção de Água da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), responsável pelo abastecimento de quase 17 milhões de pessoas. As companhias de abastecimento invocaram, durante a reunião de hoje, a Portaria Nacional de Recursos Hídricos, que garante prioridade de água para o abastecimento público e dessedentação de animais em situações de escassez. "Todas as medidas devem ser tomadas para garantir o fornecimento de água para a população", argumentou Airoldi. Durante a reunião, os representantes das concessionárias de abastecimento firmaram um documento com nove propostas de ação, que deverão ser colocados imediatamente em prática. Entre as principais ações, estão a difusão de tecnologias de baixo consumo de água em indústrias e na agricultura irrigada, e implantação emergencial de projetos de tratamento de esgoto. "A água de algumas cidades da região está no limite da qualidade técnica, por causa de alta concentração de esgoto nos mananciais", afirma o biólogo Carlos Gimenez Zappia, do Grupo Técnico de Monitoramento Hidrológico do Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. De acordo com o presidente do Comitê, Luiz Roberto Moretti, o tratamento da água fornecida para a população de cidades como Sumaré e Campinas, que juntas somam mais de um milhão de habitantes, poderá ser inviabilizado se não houver "ações urgentes" de saneamento. "Qualidade da água hoje é diretamente proporcional ao tratamento de esgoto, não há mais como fugir disso", argumenta ele. Moretti diz que a união das companhias de saneamento e o estabelecimento de metas comuns de trabalho deverão servir como um instrumento de pressão para que os governos abram linhas especiais de crédito voltadas ao tratamento de esgoto. O índice de tratamento de esgoto é baixíssimo em toda a região. Na área de concessão da Sabesp, apenas 12% do esgoto colhido é tratado. A empresa promete investir R$ 49 milhões para tratar 74% do esgoto colhido até 2004. Campinas trata cerca de 5% de seu esgoto e precisa investir mais R$ 100 milhões para atingir a marca de 75% até 2005. O Comitê decidiu realizar a reunião de hoje em Americana, cidade que se abastece na última estação de captação à jusante do Rio Piracicaba, por causa da situação limite vivida pela cidade nos últimos dias. Sexta-feira, o nível do rio chegou a 5,58 metros e quase inviabilizou a captação. Hoje, foi iniciada a construção de uma barragem provisória, construída com pedra, para manter o nível do rio e evitar o colapso.

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