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Complexo da Maré receberá reforço de tropas federais no Rio

Militares ficarão no local até a instalação de uma UPP, no segundo semestre; medida atende a pedido do governador, após confrontos. Estado nega que violência afetará planos para a Copa

Por Marcelo Gomes e Thaise Constancio
Atualização:

Atualizada às 21h22

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RIO - Militares do Exército ocuparão o Complexo da Maré, na zona norte do Rio, até a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na região, no segundo semestre. O envio das tropas federais foi acertado nesta segunda-feira, 24, após uma reunião entre o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, o governador Sérgio Cabral (PMDB) e a cúpula da segurança do Estado.

Cardozo disse que os militares permanecerão na Maré por prazo indeterminado. "Vamos ficar o quanto for necessário para o cumprimento da etapa inicial, que é a presença do Estado brasileiro, das forças de segurança, no Complexo da Maré. A primeira etapa é a ocupação do espaço pelas forças militares e policiais para que se prepare a política de pacificação da região. O tempo de permanência das forças federais passará permanentemente por avaliação conjunta", explicou o ministro.

Na sexta-feira, 21, Cabral solicitou à presidente Dilma Rousseff que fosse decretada Garantia de Lei e da Ordem (GLO), que confere poder de polícia às Forças Armadas por prazo e local determinados. O pedido foi aceito oficialmente nesta segunda.

"Trata-se de uma área estratégica do ponto de vista do ir e vir da população do Rio, visto que por lá passam Linha Vermelha, Linha Amarela, Avenida Brasil e, em breve, o BRT Transcarioca (corredor exclusivo para ônibus articulados), próximo do Aeroporto do Galeão", afirmou Cabral.

O início da ocupação da Maré e o efetivo de militares que será empregado não foram divulgados. Após a reunião das autoridades federais e estaduais no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), técnicos de todas as forças envolvidas se reuniram no Comando Militar do Leste (CML) para alinhavar os detalhes da operação.

Policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Choque serão os primeiros a entrar na região. Em seguida, o controle territorial será repassado ao Exército, que vai permanecer no conjunto de favelas pelo menos até o segundo semestre. O tempo é necessário para a formação dos 1,5 mil PMs que vão integrar as Unidades de Polícia Pacificadora.

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Ataques. O pedido de Cabral de envio de tropas federais à Maré foi feito horas depois de ataques promovidos por traficantes do Comando Vermelho a quatro UPPs, na quinta-feira, 20. O episódio mais grave aconteceu em Manguinhos e terminou com cinco baleados, entre eles o comandante da UPP, capitão Gabriel Toledo.

Perguntado sobre a relação entre os ataques a UPPs na semana passada e a ocupação do Complexo da Maré, Cabral foi evasivo. "As relações entre os ataques a Manguinhos e a ocupação da Maré são de toda ordem: da presença do tráfico em uma comunidade com mais de 100 mil habitantes, onde há armas, drogas e circulação de veículos roubados. Há ações criminosas em diversos bairros do Rio, com refúgio (dos criminosos) dentro da Maré. A população quer paz e tranquilidade e vê a presença diária de criminosos circulando na comunidade como se fosse o território deles. Direta e indiretamente (a ocupação da Maré) tem a ver com as ações em Manguinhos", disse.

Por outro lado, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que não há ligação entre os dois fatos. "Não há relação da Maré com os últimos ataques. O que nós estamos fazendo é instalar uma UPP na Maré. Coisa que nós íamos fazer mais à frente. O que estamos fazendo é retirar mais um território de dominação do tráfico. E, se eles continuarem reagindo dessa forma (atacando UPPs), vamos avançar cada vez mais para mostrar para eles que somos fortes, que temos parceiros, e que temos condições de avançar nesse processo (de pacificação)", afirmou Beltrame.

Copa. Perguntado por jornalistas estrangeiros se a ocupação da Maré pelo Exército foi motivada pela proximidade com a Copa do Mundo, Cardozo negou. "A violência não afeta os planos para a Copa. Temos um plano de segurança muito bem desenvolvido e trabalhado. Podem ter certeza de que o Brasil está inteiramente capacitado na área de segurança pública para atender aos turistas que assistirão à Copa."

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