25 de maio de 2011 | 00h00
Não há sinais do programa Minha Casa, Minha Vida ou do Plano Nacional de Saneamento Básico no dia a dia das 30 famílias da recém-batizada Comunidade da Dilma Rousseff, na zona oeste do Rio, à margem da BR-465.
O esgoto corre no meio dos terrenos. Por falta de coleta, o lixo precisa ser queimado periodicamente e insetos infestam as casas rústicas de alvenaria. Como homenagem à presidente e "para ver se, de repente, ela pode ajudar a comunidade", os moradores decidiram, na semana passada, dar o seu nome à favela.
Cartazes simples, de tinta preta em folhas de papel, foram logo pregados à cerca erguida junto à rodovia - a antiga estrada Rio-São Paulo. O primeiro "documento" com o novo nome da comunidade tem uma foto irreconhecível da presidente e uma lista de reivindicações: saneamento, uma grade na ponte vizinha, uma passarela, energia elétrica regular e coleta de lixo.
"Aqui a luz e a água são "gatos" da rede pública e o lixo, quando se acumula demais, é queimado ou levado a uma praça perto daqui ", conta Domingas Alexandrina Coelho, de 33 anos.
Poucos na favela têm renda para se sustentar. Domingas não trabalha e o marido, Vagner dos Santos, faz bicos como pedreiro. Se não conseguem trabalho, o casal e os três filhos passam o mês com os R$ 96 do Bolsa Família.
Os moradores sabem que a ocupação é ilegal: a área pertence a "uma empresa gringa" cujo nome desconhecem. Gostariam de ter casas melhores - mas, pouco sabendo de programas como o Minha Casa, Minha Vida, eles esperam o dia em que serão despejados para receber indenização ou novo imóvel. "Aqui é um lugarzinho bom, mas as condições são muito precárias", conta a ambulante Maria da Paixão Cerqueira da Silva, de 23 anos, mostrando a filha de dois meses com o rosto coberto de picadas de insetos.
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