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Condephaat vai tombar cratera em SP

Por Agencia Estado
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Uma gigantesca cratera formada há milhões de anos pela queda de um asteróide ou de um cometa será o mais novo bem tombado de São Paulo. Localizada no extremo sul da capital, numa região ocupada por chácaras e casas populares, a cratera é considerada uma estrutura de valor científico e ambiental. Segundo o geólogo Jorge Hachiro, professor da área de Geologia Sedimentar e Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), a chamada cratera de Colônia - nome do bairro na região de Parelheiros - é a que apresenta as melhores condições em toda a América do Sul para pesquisas sobre variações climáticas, registradas nas diversas camadas de sedimentos depositadas ali. A iniciativa do tombamento partiu do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat), que depois de oito anos de estudos e análises aprovou em 30 de junho o texto final do processo. O texto será enviado na terça-feira para a secretaria estadual da Cultura de SP, Cláudia Costin, homologar o tombamento. Astroblemas No Brasil, há apenas cerca de oito estruturas de impacto (ou astroblemas) como essa. Todas elas, à exceção da cratera de Colônia, estão em áreas rurais e não são tombadas. Nesta, parte de uma das encostas está ocupada por casas típicas da periferia. As casas e as ruas de terra se estendem também por um grande trecho do fundo da cratera - que tem 3,64 quilômetros de diâmetro e se parece mais com um vale cercado por serras. Estudos indicam que um corpo celeste atingiu a área há 36 milhões, abrindo um buraco de 300 a 400 metros de profundidade. Com a sedimentação e a erosão das bordas, a profundidade do buraco gira em torno hoje de 100 metros. Segundo Hachiro, o corpo que formou a cratera teria de 200 a 250 metros de diâmetro e provocado um impacto equivalente a 15 milhões de toneladas de dinamite. Em 1908, o som do impacto de um grande corpo celeste caído na Sibéria pôde ser ouvido em países da Europa, diz o geólogo. A conformação do astroblema de Parelheiros está relativamente preservada. "De todas as crateras que eu já visitei, essa é uma das poucas onde ainda se pode ver a toda borda, as outras estão todas erodidas", diz Hachiro. Esse é um dos motivos que fazem da cratera de Colônia uma das mais propícias para prospecções científicas. D. Pedro I - Dados de 1993, os últimos reunidos pelo Condephaat, apontam que na cratera viviam 4 mil pessoas - número que se multiplicou desde então. A ocupação da região começou no século 18, quando D. Pedro I autorizou que colonos alemães constituíssem ali as primeiras chácaras. Descendentes destes primeiros moradores ainda residem na área. "As famílias que estão lá não precisarão sair porque, segundo um dos estudos, as casas não prejudicam nem desfiguram a cratera", diz o presidente do Condephaat, José Roberto Melhem. "Com o tombamento, vamos criar algumas restrições para novas ocupações." Segundo Hachiro, essa é uma das únicas, ou talvez a única cratera no mundo, localizada tão perto de uma grande cidade. "Sua posição geográfica é ideal para estudos, para visitação e talvez até para a abertura de um parque temático, como existe no Arizona (EUA), um local chamado de Cratera do Meteoro." A descoberta da cratera de Colônia se deu acidentalmente a partir de fotos aéreas feitas em 1961. por acaso graças a fotos aéreas. "Pode-se considerar essa região como um monumento geológico, que precisa ser preservado", afirma Hachiro.

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