Confronto com camelôs põe guardas contra PMs no Rio

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Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo segundo dia consecutivo, guardas municipais e camelôs se confrontaram no centro do Rio. No tumulto, oito pessoas ficaram feridas. Pontos tradicionais de comércio, como as ruas Uruguaiana, Sete de Setembro, Quitanda, Ouvidor e Carioca fecharam as portas durante a tarde, e, até a Avenida Rio Branco, uma das mais importantes do centro, teve o tráfego de veículos interrompido. A Polícia Militar interveio a favor dos ambulantes para evitar que houvesse um conflito violento. O primeiro choque foi às 11 horas, na Rua do Ouvidor. Por volta das 16 horas, houve novo confronto, que começou na Uruguaiana, se estendeu até o Largo de São Francisco e seguiu em direção à Avenida Almirante Barroso. Com pedras nas mãos, os camelôs percorreram as ruas ameaçando os lojistas que não haviam fechado as portas. Gritavam: ?Não vai fechar, não? Vão ver depois?. Temendo invasões, os comerciantes obedeceram. Na Rio Branco, eles interromperam o trânsito jogando lixo das caçambas da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) na rua. No Largo da Carioca, detonaram duas bombas de fabricação caseira, provocando correria. Quem passava pelas ruas corria para dentro dos prédios, em pânico. Carros que estavam estacionadosn foram atingidos por pedras e tiveram os vidros quebrados. Tiros foram ouvidos. Pelo menos oito pessoas, entre guardas e ambulantes, ficaram feridos sem gravidade ? duas delas permaneciam em observação no Hospital Souza Aguiar até o início da noite desta sexta-feira. Dois menores, de 11 e 17 anos, estavam entre os feridos. Os guardas municipais foram impedidos de reprimir os manifestantes por policiais militares. Mais de cem policiais do 13º batalhão, do Batalhão de Choque, Grupamento Tático Motorizado e da Companhia de Cães foram para as ruas. A Guarda Municipal se retirou às 18 horas, a pedido do comandante do 13º BPM, Sidnei Coutinho. ?Eu liguei para o superintendente (tenente-coronel Carlos Moraes Antunes) e pedi para eles recuarem. Sou contra a agressão aos camelôs. Se eles estão errados, tem que apreender a mercadoria?, disse Coutinho. Um integrante do Sindicato dos Guardas Municipais foi detido por desacato à autoridade. ?Ele sugeriu que fôssemos violentos com os camelôs?, disse Coutinho. O superintendente da GM disse que já sabia que haveria manifestação de camelôs (que estava marcada para as 15 horas) e que o protesto seria marcado por um quebra-quebra. ?Não é camelô, é crime organizado. São contrabandistas que vendem produtos roubados, gente que faz pirataria. É uma máfia que atua no centro, que tem segurança, depósito, meio de comunicação. Não é camelô social, excluído, que vende lixa de unha.? Antunes acusou a PM de omissão. ?Isso tinha hora marcada. A PM tem que parar de proteger essas pessoas. Isso tudo aconteceu por omissão deles. Ele (o comandante do 13º BPM) atuou depois porque se omitiu na prevenção.? E garantiu que os guardas não são violentos. ?Se são recebidos com pedras, não podem dar flores.? Ele relatou que 31 guardas estão fora de serviço por causa de agressões de camelôs. São casos de fratura de crânio, afundamento de malar, amputação de dedo e queimaduras, disse. Nesta quinta-feira foram apreendidos 700 CDs em ruas do centro. Houve confronto entre guardas e ambulantes, marcado por pânico, correria, e a maioria das lojas da região fechou as portas. Os camelôs lançaram rojões e pedras contra os guardas, que jogaram as pedras de volta e usaram bombas de efeito moral.

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