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Construção racha casas de 5 vizinhos no Jardim Paulista

Obra foi embargada pela Prefeitura, mas prejuízo pode chegar a R$ 900 mil

Por Felipe Grandin
Atualização:

A obra de uma casa causou o afundamento do terreno debaixo de cinco imóveis de uma área tombada perto do Parque do Ibirapuera, no Jardim Paulista, zona sul. A construção foi embargada em setembro pela Prefeitura, mas já causou um prejuízo estimado em mais de R$ 900 mil pelos vizinhos. O dono foi multado em R$ 65,8 mil e o engenheiro responsável, em R$ 52,6 mil, mas eles ainda não pagaram. Ambos alegam que o problema é na fundação das casas vizinhas, que ficam em um terreno pantanoso, em cima do Córrego do Sapateiro. O caso está na Justiça e duas casas já foram interditadas. A construção que causou o transtorno fica no número 38 da Rua Pacheco de Miranda e pertence ao empresário Flávio Cintra de Oliveira Martins. O imóvel de dois andares e 789 metros quadrados de área construída está fora dos padrões do projeto original, segundo a Subprefeitura da Vila Mariana, que determinou o embargo da obra. LENÇOL FREÁTICO Os problemas surgiram em meados de 2006, quando começou a ser feito o rebaixamento do lençol freático - curso de água subterrâneo. O processo consiste no bombeamento da água do subsolo para deixar o terreno seco e permitir a escavação. Apesar de ser um método bastante utilizado, nesse caso, o solo tinha muita água. À medida que o bombeamento ia sendo realizado, a intervenção causou desníveis no terreno dos vizinhos e, conseqüentemente, trincas e rachaduras nas casas. Em novembro de 2006, o empresário Benjamim Jafet, de 70 anos, e a mulher, Sônia Jafet, de 66 anos, tiveram de sair da casa número 58, por conta das rachaduras, que colocaram em risco o imóvel. Os dois moravam havia 43 anos no local e ainda não conseguiram voltar. "Construímos esta casa do zero e agora temos de pagar aluguel em outro lugar", reclamou Sônia. Em julho do ano passado foi a vez de o administrador de empresas Marco Aurelio Campanari deixar seu imóvel, no número 32. Casado e com um filho de 5 anos, tinha acabado de reformar sua casa. "A gente nem chegou a aproveitar." Agora, ele paga R$ 9 mil por mês para morar em uma rua ao lado. Talita Mattar, de 60 anos, foi a primeira a entrar na Justiça contra o vizinho. Conseguiu embargar a construção em dezembro de 2006, mas a medida foi suspensa. "Se tivesse parado naquela época, não teria causado tanto prejuízo." Talita afirmou que uma empresa de engenharia orçou em R$ 300 mil a reforma da casa em que mora. Outra firma, contratada por Campanari, orçou em R$ 400 mil a reforma. Já a do casal Jafet ficaria em R$ 200 mil. Além dessas, outras duas casas foram afetadas, ao lado e nos fundos do número 58. Responsável pelas obras, o arquiteto Nilson Pery Targa, dono da Targa Associados, culpou os vizinhos. "A obra no sentido construtivo está perfeita, o problema é que a fundação da casa deles está ruim. São verdadeiros navios", afirmou. Targa disse que já enviou um novo projeto à Prefeitura com as modificações. O empresário Flávio Martins não retornou as ligações da reportagem.

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