Contra roubo, caminhões trafegam entre carros

Caminhoneiros se mantêm também na faixa da esquerda para fugir de quadrilhas de ladrões de carga; empresas preferem assumir multas

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Por Diego Zanchetta
Atualização:

Alvos de quadrilhas especializadas em roubo de cargas em postos e vias de acesso a rodovias, caminhoneiros de todo o País que passam pelas Marginais do Pinheiros e do Tietê, em São Paulo, afirmam ter uma nova tática contra a abordagem dos criminosos. Eles nunca trafegam nas faixas da direita e se mantêm no meio dos carros menores, principalmente nas pistas locais. Algumas transportadoras e lojas de fretes instaladas próximas ao Terminal Fernão Dias, na zona norte, assumem até o risco de receber multa de R$ 85,13 (infração média e quatro pontos na carteira do condutor), prevista para veículos pesados por não permanecerem à direita. "Com carga de mais de R$ 150 mil, caminhoneiro meu nunca fica na direita. Eu pago a multa e mais um trocado pelos pontos na carteira", afirma Jocivaldo Preggo, de 46 anos, gerente de uma transportadora na Vila Maria com frota de 200 veículos. A preocupação de transportadoras e caminhoneiros é a abordagem realizada por motoqueiros em pontos próximos aos acessos das Rodovias Castelo Branco, Fernão Dias, Dutra e Bandeirantes. "Quando você fica com a carreta parada na direita, o bandido sobe no carro e você nem percebe. Quando vê já está com a arma apontada na sua cabeça", conta Persio Castro, de 52 anos, caminhoneiro de Passo Fundo (RS) cuja carreta, com bolsas térmicas para hospitais - avaliadas em R$ 250 mil -, foi levada no início de agosto, perto de Guarulhos. "O ladrão me pegou e eu estava na direita da Marginal do Tietê, perto da Ponte Aricanduva. Depois ele andou comigo até um posto onde havia mais três caras. Sorte que me soltaram depois e levaram só a carga." Em outras vias usadas pelos caminhoneiros, como as Avenidas Salim Farah Maluf, na zona leste, e dos Bandeirantes, na zona sul, a precaução é mantida. "Na Salim, à noite, tem bandido que se esconde atrás da mureta das passarelas", conta Mauro de Souza, caminhoneiro de Cruz das Almas (BA). Além de evitarem a faixa da direita, as transportadoras estão colocando um segundo rastreador dentro de peças industriais ou de caixas com lotes de TV de plasma, por exemplo. "Dessa forma, quando o bandido estoura o GPS dentro do caminhão, tem outro na carga", disse o sócio de uma empresa do Terminal Fernão Dias. As Polícias Civil e Rodoviária informaram manter o combate aos roubos de cargas na capital, onde no primeiro semestre foram registrados 58,6% dos 3.096 crimes dessa modalidade no Estado, segundo dados do governo estadual. "Só nos últimos 30 dias prendemos 42 suspeitos de roubos de cargas", disse Alberto Pereira Matheus Júnior, do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado.

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