Controladores farão reunião para discutir desmilitarização

Categoria tenta se unir para pressionar o governo a criar um controle aéreo civil

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Por Agencia Estado
Atualização:

Numa tentativa de demonstrar força política e coesão, os controladores do tráfego aéreo de todo o País participam, no próximo sábado, em Salvador, de uma reunião para discutir a situação da categoria e avaliar o andamento das propostas que estão no Ministério da Defesa. O encontro tem por objetivo fortalecer e consolidar as associações recentemente criadas, em vários pontos do País. Mas, a questão da desmilitarização do tráfego aéreo, será o principal ponto do encontro. Os controladores querem avaliar a situação do Grupo de Trabalho criado em dezembro e recentemente prorrogado para estudar os problemas do setor, a proposta de unificação das carreiras, com a criação de uma carreira de Estado e a melhoria dos equipamentos de forma a facilitar e dar mais segurança ao trabalho desenvolvido por eles. O encontro, promovido pela Federação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta), contará com a participação de representantes de pelo menos nove associações - Brasília, Rio, Curitiba, São Paulo, Salvador, Ilhéus, Manaus, Recife e Teresina. Em uma demonstração clara de que a categoria está mobilizada, no mês de abril, o Brasil estará presente à reunião internacional da categoria, na Turquia, possivelmente com seis representantes. Insatisfação Os controladores têm se mostrado muito insatisfeitos e impacientes com o que consideram falta de interesse do governo em resolver os problemas da categoria, que persistem os mesmos depois de quatro meses do primeiro apagão aéreo, que paralisou todos os vôos no País, no feriado de Finados. Depois do acidente com o avião da Gol e preocupados com os problemas decorrentes deste desastre para a categoria, que poderá também responsabilizá-los pelas mortes, os controladores de vôo começaram a se mobilizar, silenciosamente, em todo o País. Diversas associações da categoria foram criadas, já que o Regulamento Disciplinar da Aeronáutica, proíbe que eles formem sindicatos. Apesar dos riscos que podem correr se usarem as associações com objetivos reivindicatórios, os profissionais militares do tráfego aéreo resolveram se unir para tentar pressionar o governo pela aprovação do estudo que se encontra no Palácio do Planalto e que propõe a desmilitarização do setor. Controle civil O estudo propõe a criação de um organismo civil, vinculado ao Ministério da Defesa, com gestão própria, responsável pela gerência das operações aéreas da aviação civil. Quatro associações estão em formação: do Nordeste, de Manaus, de Belém e de Campo Grande. Hoje, espalhadas pelo País, já existem seis associações do mesmo gênero: em Brasília, Curitiba, duas em São Paulo (reunindo, separadamente, pessoal de Guarulhos e de Congonhas), Rio de Janeiro e Natal. Embora controladores civis possam e integrem esta associação, a grande maioria é de militares. Além destas, há uma associação nacional, que tenta unificar a linguagem e a forma de atuação da categoria. Na semana passada, a Procuradoria Geral da Justiça Militar absolveu os controladores que estavam sendo acusados pelo ex-comandante da Aeronáutica brigadeiro Luiz Carlos Bueno, de terem praticado crime militar ao fazerem greve branca ou operação padrão, levando ao caos aéreo, no mês de novembro. A promotora da Justiça Militar Ione de Souza Cruz, decidiu nesta segunda-feira arquivar o IPM alegando que o controle nos vôos praticado pelos controladores foram decorrentes da necessidade de se garantir a segurança do vôo.

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