Conversas mostram plano de grevistas de invadir batalhão na Bahia

Plano começou a ser discutido por telefone e depois por SMS; soldado foi presa após gravações

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - Gravações feitas com autorização judicial mostram que os policiais militarem grevistas da Bahia planejavam invadir o Batalhão de Guardar que fica no complexo penitenciário de Mata Escura, em Salvador, durante a greve da categoria no Estado. Como estavam com a ligação grampeada, a soldado Jeane Batista de Souza teria passado as coordenadas para o líder grevista Marcos Prisco por mensagens de texto via celular. Ouça o início da conversa e leia o restante abaixo.

 

 

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"Mande um grupo hoje mesmo (05/02) na Avenida General Costa, conhecida como Pistão, para localizar uma escadaria que dá acesso a guarita do soldado Santos. (Ela) é muito alta e não tem proteção, é só escalar e seguir a direita", diz as primeiras SMSs enviadas a Prisco.

"É importante observar o local antes da ação, precisa de uma quantidade boa de colegas (grevistas). Amanhã (06/02), assim que eu descobrir quem vai estar à frente da guarda mando mensagem para você saber se é melhor (invadir) de manhã ou à noite", explica os textos que seriam de Jeane.

"Para agir, tem uma sala de meios e no máximo dois sargentos guarnecendo, os soldados da PM sobem loco para a guaritas que só abrem por dentro e devem adentrar no complexo com RG-PM em mãos, para evitar confronto. Me ligue agora para garantir que não terá violência", termina a mensagem enviada na noite do dia 5 de fevereiro.

Dois dias depois, Prisco volta a receber mensagens dando as coordenadas sobre como entrar no presídio. "O BG (Batalhão de Guardas) pode ser tomado pela Avenida General Costa (Pistão), tem uma escadaria que dá acesso à guarita 6, segue a direita, sargento".

E continua: "Ficam apenas dois sargentos, um pagando armas das 19h40 às 20h. O efetivo é muito pouco: 15 homens armados rendem a guarnição, sargento. Se (os invasores) apresentarem da ID (identificação) de militar, não precisa ter troca de tiros, nem violência, pois somos irmão no mesmo barco, sargento".

"Qualquer dúvida, me ligue, mas o ideal é esse horário que já falei pela cadeia pública. Acredite, estamos em vantagem, sargento. Não recue, pois não podemos aceitar a migalha de 6,5% oferecido por (governador Jaques) Wagner com a desculpa de ter o orçamento apertado, sargento".

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E finaliza na tarde do dia 7 de fevereiro: "É agora ou nunca! Tem cidades aderindo e Estados com assembleias para esses dias. Não esqueça de apagar as mensagens, sargento".

No dia seguinte, Jeane foi presa.

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