Corpo de cinegrafista morto com rojão é cremado no Rio

Familiares homenageiam Santiago Andrade vestindo a camisa do Flamengo; em Copacabana, morte foi lembrada com uma cruz de 15 metros fincada na areia

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Por Thaise Constancio
Atualização:

Atualizado às 16h38

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RIO - O corpo do cinegrafista Santiago Andrade, morto na segunda-feira, foi enviado para a cremação no final da manhã desta quinta-feira, 13, no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária da capital fluminense. Desde as 7h, cerca de 50 pessoas entre jornalistas, cinegrafistas, fotógrafos e auxiliares de câmera aguardavam a abertura da capela 8, onde ocorreu o velório. A missa que encerrou a despedida foi rezada pelo arcebispo do Rio, d. Orani Tempesta. "Deus não nos criou para matarmos uns aos outros", disse.

Acompanhada de parentes, a viúva, Arlita Andrade, chegou ao cemitério por volta das 8h30, vestindo uma camisa do Flamengo, time para o qual o marido torcia, com os dizeres "Santiago, sempre te amaremos". Ela chegou a passar mal, foi socorrida por amigos e se restabeleceu rapidamente. Em entrevista, falou que o marido gostava de coberturas de risco e comentou a prisão dos dois suspeitos de envolvimento na morte de Santiago, Fábio Raposo e Caio de Souza, presos em Bangu. "Tenho pena desses dois rapazes", disse. "Queria pedir a todo mundo, por favor, sejam mais amigos, mais tranquilos e tenham amor um pelo outro."

A filha do cinegrafista, a jornalista Vanessa Andrade, pediu que os amigos vestissem a camisa do time como uma última homenagem ao pai. Ela ganhou uma camisa com uma charge de Andrade feita pelos funcionários da Band em homenagem ao cinegrafista.

Os pais do cinegrafistas chegaram também acompanhados de parentes, por volta das 8h.

Homenagens. Na manhã desta quinta-feira, o Instituto Rio de Paz prestou uma homenagem a Andrade nas praias de Copacabana. Uma cruz preta com cerca de 15 metros foi estendida nas areias ao lado de uma câmera abaixada e um cartaz.

Colegas da Band vestiam uma camisa que estampava um desenho na frente: no céu, com a roupa que vestia no dia em que foi atingido pelo rojão (calça jeans e camisa vermelha), Andrade diz "Uau, que ângulo!". Nas costas, a frase "Poderia ter sido qualquer um de nós".

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O comandante-geral da Polícia Militar (PM), Luiz Cláudio Castro, e o comandante das Unidades de Polícia Pacificadora, Frederico Caldas, foram ao Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária, sem farda. Ambos prestaram solidariedade a Vanessa, que trabalha como assessora de imprensa da PM. Eles não quiseram falar com a imprensa.

O diretor nacional de jornalismo da Band, Fernando Mitre, disse que "mais uma vez, uma tragédia que poderia ter sido evitada se todas as providências necessárias tivessem sido tomadas". Ele não especificou que providências seriam essas, se relativas à segurança dos profissionais ou à legislação.

Cremação. Em uma pequena sala, reservada apenas para a família e amigos íntimos, o corpo do cinegrafista Santiago Andrade foi cremado por volta de 12h30, desta quinta-feira, 13. O velório, começou por volta das 8h, quando pais e irmãos de Andrade chegaram ao cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária do Rio.

Antes da cremação, o arcebispo do Rio, d. Orani Tempesta, celebrou uma pequena missa, em memória do cinegrafista. Durante o velório, amigos e familiares leram trechos de um texto com características de Andrade. Entre amigos, familiares e profissionais da imprensa, cerca de 150 pessoas compareceram à cerimônia pública, de 8h às 12h, para apoiar a família.

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Após a cremação a mulher de Andrade, Arlita Andrade, pediu que a imprensa retrate também coisas boas. "Santiago me pediu para deixar um recado para vocês: ele queria que as lentes de vocês só mostrem coisas boas, coisas lindas. Ele também desejou que Deus proteja vocês, porque é através desse trabalho que a sociedade sabe das notícias, do que acontece no mundo".

O caso. O cinegrafista teve morte cerebral na segunda-feira, 10, depois de ser atingido por um rojão na cabeça, há uma semana, durante manifestação contra o aumento da passagem. Seus órgãos foram doados.

O tatuador Fábio Raposo e o auxiliar de serviços gerais Caio Silva de Souza estão presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste. Eles responderam por homicídio doloso e pelo crime de explosão.

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