Corpo de d. Paulo Evaristo Arns é sepultado na cripta da Catedral da Sé
Fiéis acompanharam cerimônia por meio de telão; cerca de 3 mil pessoas foram à igreja para último adeus
PUBLICIDADE
Por José Maria Mayrink E Luiz Fernando Toledo
Atualização:
SÃO PAULO - Catedral lotada, cerca de 3 mil pessoas. Os aplausos, que interromperam várias vezes a cerimônia toda vez em que se lembrou atuação política de d. Paulo Evaristo Arns em sua luta em defesa dos direitos humanos durante o regime militar, repetiram-se quando a urna do cardeal foi levada para a cripta da igreja às 16h58 e, em seguida, encerrada no túmulo, às 17h10.
PUBLICIDADE
Foi uma cerimônia silenciosa e emocionante que a multidão de fiéis acompanhou pelos telões, porque na cripta só entraram membros da família Arns e os cardeais e bispos que participaram da missa de corpo presente. Os parentes de d. Paulo – seu irmão Felipe, suas irmãs Otilia e Zélia, sobrinhos e sobrinhos-netos – desceram para a cripta às 16h35, para 30 minutos de recolhimento e oração.
“Um coral cantou conosco”, informou Flávio Arns, sobrinho de d. Paulo, ex-senador do PT e do PSDB, atualmente secretário de Assuntos Estratégicos do Estado do Paraná. No início da missa, às 15 horas, d. Leonardo Steiner, bispo auxiliar de Brasílias e secretário- geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), apresentou-se como primo de d. Paulo. “Agradecemos a Deus por termos tido na família pessoa tão extraordinária”, disse d. Leonardo.
O presidente da CNBB e arcebispo de Brasília, d. Sérgio Rocha, afirmou que o exemplo de d. Paulo contribuiu para tornar a Igreja mais profética e misericordiosa, “legado de testemunha e missão” que incentiva a CNBB a imitar seu exemplo.
Despedida de d. Paulo Evaristo Arns
1 / 21Despedida de d. Paulo Evaristo Arns
Velório na Catedral da Sé
Aos 95 anos, d. Paulo Evaristo Arns estava internado desde o dia 28 com broncopneumonia - e não resistiu à piora da função renal e à falência múltipla... Foto: JF Diório/EstadãoMais
Velório na Catedral da Sé
O caixão entrou pela porta principal da Sé carregado por seis sacerdotes, entre eles o padre Júlio Lancelotti, vigário episcopal para os moradores de ... Foto: JF Diório/EstadãoMais
Velório na Catedral da Sé
Quando a urna foi aberta, padre Júlio Lancelotti beijou a testa de d. Paulo. Foto: JF Diório/Estadão
Velório na Catedral da Sé
O velório, ininterrupto até o funeral, teve início com a missa celebrada pelo cardeal Scherer - que “voltou à cruz” na homilia. Foto: JF Diório/Estadão
Velório na Catedral da Sé
O arcebispo relembrou que d. Paulo nasceu em 14 de setembro, Dia da Exaltação da Cruz, e morreu em 14 de dezembro, festa de São João da Cruz. Foto: JF Diório/Estadão
Velório na Catedral da Sé
A Missa de 'sétimo dia' por d. Paulo, em cada paróquia, será no dia 21 de dezembro. Foto: JF Diório/Estadão
Velório na Catedral da Sé
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), compareceu à cerimônia acompanhado dojurista Antônio Carlos Malheiros. Foto: JF Diório/Estadão
Velório na Catedral da Sé
Alckmin afirmou que d. Paulo "ajudou a mudar a história do Brasil". Foto: JF Diório/Estadão
Velório na Catedral da Sé
O cardeal Arns comandou a Arquidiocese de São Paulo entre 1970 e 1998 – quando renunciou pelo limite de idade. Foto: JF Diório/Estadão
Velório na Catedral da Sé
Ao final da missa de d. Odilo, as pessoas que estavam presentes na catedral pediram para se aproximar do corpo de d. Paulo, mas, por causa da presença... Foto: JF Diório/EstadãoMais
Velório na Catedral da Sé
O cardeal estava internado na UTI do Hospital Santa Catarina. Foto: JF Diório/Estadão
Velório na Catedral da Sé
O bispo d. Angélico Sândalo Bernardino, emérito da Diocese de Blumenau, em Santa Catarina, disse que d. Paulo Evaristo Arns "continua vivo, não só em ... Foto: Sérgio Castro/EstadãoMais
Velório na Catedral da Sé
O vereador eleito de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) compareceu à cerimônia na Catedral da Sé. Foto: Sérgio Castro/Estadão
Velório na Catedral da Sé
Ao lado de Suplicy, estava o padre Júlio Lancelotti,da Pastoral do Povo de Rua, lembrou que d. Paulo foi o responsável por criar o Vicariato Episcopal... Foto: Sérgio Castro/EstadãoMais
Velório na Catedral da Sé
Velório de d. Paulo Evaristo Arns foi acompanhado por uma multidão. Alguns se aproximaram do caixão para se despedir do cardeal. Foto: Sérgio Castro/Estadão
Velório na Catedral da Sé
D. Paulo Evaristo Arns era um grande defensor dos direitos humanos. Foto: Sérgio Castro/Estadão
Velório na Catedral da Sé
O cardeal teve uma atuação importante durante a ditadura militar. Foto: Sérgio Castro/Estadão
Velório na Catedral da Sé
'Eu e as freiras tínhamos medo de que alguém fosse fazer algum mal a ele por tudo que tinha acontecido. Mas ele tirava o medo da gente' Foto: Luiz Fernando Toledo/Estadão
Velório na Catedral da Sé
O velório de d. Paulo Evaristo Arns ocorre na Catedral da Sé, na região central da capital paulista, entre os dias 14 e 16 de dezembro Foto: JF Diório/Estadão
Velório na Catedral da Sé
A Arquidiocese de São Paulo divulgou comunicado solicitando que todos os sacerdotes da circunscrição celebrem missas em intenção a Arns por sete dias. Foto: JF Diório/Estadão
Velório na Catedral da Sé
Alckmin decretou luto oficial de três dias no Estado de São Paulo. Foto: JF Diório/Estadão
Nos primeiros bancos da ala reservada a autoridades, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) assistiu à missa ao lado do prefeito eleito João Dória (PSDB) e do atual prefeito Fernando Haddad (PT). Atrás deles, representantes de outras igrejas cristãs dividiam banco como o rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista, e o sheik Hossein Khaliloo, da comunidade muçulmana.
Desde quarta-feira, diversas autoridades foram ao local, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vereador eleito Eduardo Suplicy (PT), a deputada Luiza Erundina (PSOL) e o ex-governador Paulo Egydio Martins. O presidente Michel Temer não foi por receio de ser hostilizado em um “ambiente de esquerda”, como avaliaram seus assessores, mas enviou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.
D. Odilo lembrou na homilia a atenção que d. Paulo deu aos humildes e sua defesa da democracia, “mediando conflitos, dando apoio às pessoas perseguidas” na ditadura. O cardeal leu mensagem de condolências mandada pelo papa Francisco.
Publicidade
“Ele (d. Paulo) deu testemunho do Evangelho no meio de seu povo”, afirmou o papa. O arcebispo revelou, em seguida, testamento que d. Paulo fez em 16 de fevereiro de 2009. Nesse, d. Paulo disse que nada possuía de valor e destinava seus bens à Casa São Paulo, de padres idosos, no Ipiranga.
Fé. “A última palavra que ouvi dele foi ‘sempre’, quando no domingo lhe disse que as obras pelas quais lutou deviam continuar” disse Nélson Arns Neumann, filho de Zilda e presidente da Pastoral da Criança.
Uma bandeira de Forquilhinha (SC), cidade natal de d. Paulo foi hasteada perto da urna, ao lado de uma do Corinthians.
Bandeiras de movimentos sociais pastorais, incluindo a do Movimento do Povo da Rua, tremulavam. Houve longa fila para visitar o túmulo, que ficará aberto para visitação. A missa de sétimo dia vai ser na quarta-feira, na Catedral da Sé.
O advogado Belisário dos Santos Jr., ex-secretário de Justiça da gestão Mário Covas (PSDB), que trabalhou com d. Paulo na Comissão Justiça e Paz, olhou a cena, encostou a cabeça no ombro de um amigo e soluçou.