Corpo de garota sumida é encontrado em caixa

Sabrina, de 12 anos, foi achada dentro de uma caixa de TV, em uma praça da zona norte; filho do comprador do aparelho confessou o crime

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Por Fabio Mazzitelli
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Na segunda-feira, Sabrina Bianca Castilho, de 12 anos, saiu de casa, na Vila Maria, zona norte de São Paulo, a pedido da mãe para comprar uma revista e não voltou mais. Ontem, após dias de angústia, os pais souberam pela polícia do paradeiro da menina. Ela foi morta e encontrada encolhida, em posição fetal, dentro de uma caixa de papelão - embalagem de uma televisão de 29 polegadas. A polícia encontrou o corpo de Sabrina na quarta-feira em uma praça do bairro. Classificado pelos policiais como "macabro", o crime foi solucionado por causa de uma etiqueta da caixa que identificou a loja onde a tevê foi comprada. Por essa pista, a polícia chegou ao filho do comprador do aparelho, Edson Romano Júnior, de 27 anos, que confessou o crime. "Rastreamos o comprador. Esse rapaz tentou se desvincular desse encontro macabro dessa moça na caixa, mas depois confessou", disse o delegado Marcos Carneiro, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Além disso, a corda do varal era do mesmo material encontrado em volta da caixa. Ontem, o perfil da criança coincidiu com a descrição feita pela família à Delegacia de Desaparecidos. Como estava sem documento, os objetos pessoais encontrados com Sabrina ajudaram a reconhecê-la: um molho de chaves e uma fita verde da Assembléia de Deus, igreja que freqüentava. Depois de identificar a vítima, a polícia suspeita de crime sexual, hipótese negada pelo acusado. Romano Júnior está preso desde quarta. Quando confessou, ele afirmou que foi um crime acidental e praticado em uma situação de legítima defesa. O vendedor afirmou que saiu para comprar cigarro e, quando voltou, encontrou com a menina dentro de casa, tentando furtar um DVD. As famílias da vítima e do suspeito, que trabalhava como vendedor e não tinha passagem pela polícia, moravam no mesmo bairro, a três quarteirões de distância. Por essa primeira versão, ele teria matado Sabrina com uma gravata, tipo mata-leão. Depois, enrolou o corpo em um lençol e, com a ajuda do pai, colocou-o dentro da caixa e o levou para a Praça Nirvana, na Vila Maria, na madrugada do dia 5. "Essa versão dele caiu por terra porque essa moça não tem nenhum indicativo de ser criminosa. Os pais são evangélicos, e a menina estudava e era comportada", afirmou Carneiro. De acordo com o delegado, foi requisitado exame para saber se Sabrina foi vítima de violência sexual. Aparentemente, entretanto, não havia sinais de abuso. "Mas isso é o exame que vai dizer. Averiguamos se há outros crimes contra adolescentes na região", disse o diretor do DHPP. JIU-JÍTSU Romano Júnior, que é branco, tem olhos verdes, 1,80 metro de altura e pesa 75 quilos, declarou ser lutador de jiu-jítsu à polícia, como justificativa para a violência do golpe que disse ter aplicado em Sabrina, de 1,50 m. Além de tomar outro depoimento do acusado, serão ouvidos também os pais de Romano. Até ontem, segundo a polícia, a família não havia constituído advogado.

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