Corpo de músico morto por militares é sepultado no Rio

ONG Rio de Paz distribuiu 80 pequenas bandeiras do Brasil perfuradas e manchadas de vermelho, representando o total de disparos que a perícia apontou terem sido disparados

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Por Marcio Dolzan
Atualização:
Corpo de músico morto por militares foi sepultado no cemitério de Ricardo de Albuquerque, na zona norte do Rio Foto: REUTERS/Sergio Moraes

RIO - Sob gritos de "justiça!, justiça!", foi sepultado no fim da manhã desta quarta-feira, 10, o corpo do músico Evaldo dos Santos Rosa, de 46 anos. Ele foi morto a tiros após o carro em que dirigia ter sido alvejado por 80 disparos efetuados por militares na tarde do último domingo.

Pelo menos duas centenas de pessoas acompanharam o enterro no cemitério de Ricardo de Albuquerque, na zona norte do Rio. Em coro, eles cantaram os versos "quero chorar o seu choro, quero sorrir seu sorriso, valeu por existir", em homenagem ao músico.

Militares atiraram contra veículo nas imediações do Piscinão de Deodoro, em Guadalupe, no RJ Foto: Fábio Teixeira / Agencia O Globo

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A ONG Rio de Paz distribuiu 80 pequenas bandeiras do Brasil perfuradas e manchadas de vermelho, representando o total de disparos que a perícia apontou terem sido disparados.

Após o sepultamento, o clima era de revolta. Luciana Nogueira, 41, viúva de Evaldo e que também estava no carro no domingo, transformou o choro incontido em gritos de protesto. "Eu quero justiça! Meu filho de sete anos não para de pedir 'eu quero meu pai, eu quero meu pai'", esbravejava. 

Jackson Oliveira, primo de Evaldo, estava desolado. "Eles mataram mais um trabalhador. Ele era como um pai pra mim e pros meus irmãos", lamentou.

Grupo protesta na Vila Miltar

Parentes e amigos de Evaldo dos Santos Rosa realizam umprotesto na Vila Militar, zona norte do Rio, no início da tarde desta quarta-feira, 10.

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O grupo parou em frente ao Palácio Marechal Mascarenhas de Moraes, quartel general da 1a Divisão do Exército. No local, os cerca de 30 manifestantes depositaram bandeiras do Brasil perfuradas e manchadas de vermelho, distribuídas pela ONG Rio de Paz durante o velório. Os manifestantes protestam aos gritos de "justiça" e "assassinos".

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