Corporação afirma servir de ''referência''

Tiro defensivo não letal é usado desde 2002; estudiosos defendem nova formação de Pms

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Por Fernanda Aranda
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A Polícia Militar de São Paulo informou que não é correto esperar que o aumento de mortos em confronto com a polícia seja equivalente, em termos de proporção, às taxas de elevação da criminalidade. Segundo o setor de imprensa da corporação, "é fato que houve aumento da criminalidade e da quantidade de confrontos (com a polícia), sendo fato também que o primeiro é causa da segunda". Contudo, avalia a PM, " não é possível inferir com exatidão a influência de um indicador sobre o outro" e, por isso, os índices de aumento não são semelhantes. Ainda segundo o Setor de Comunicação, a Polícia Militar "utiliza modernas técnicas não letais" que servem de referência a outros Estados do Brasil, além de outros países da América Latina. Um dos exemplos citados é o Método Giraldi de tiro defensivo para a preservação da vida, que faz parte da grade curricular da PM desde 2002. Além disso, informa a polícia, "todas as ações policiais são desenvolvidas com responsabilidade e baseadas na filosofia de polícia comunitária, nos princípios de direitos humanos e defesa da cidadania e nos preceitos da gestão da qualidade". CICLO DA VIOLÊNCIA Os estudiosos ressaltam que toda a sociedade sofre com um posicionamento mais truculento por parte dos policiais, o que favorece a ocorrência de mortes durante o confronto. Entre as consequências estão as balas perdidas, a sensação de insegurança e até inocentes acabam mortos nas operações que usam mais a letalidade. Para reverter os indicadores, considerados altos pelos padrões internacionais, os especialistas defendem mudança na própria formação dos policiais. O índice considerado "aceitável" em países desenvolvidos é de 3% do total de homicídios concentrado nas mãos de policiais, segundo parâmetros do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, da Universidade Cândido Mendes. "Temos hoje uma polícia que é militarizada, foi concebida em um contexto de Império, já não faz mais sentido", acredita o ouvidor da Polícia de São Paulo, Luiz Gonzaga Dantas. "A formação da nossa polícia deveria ser primeiro em universidade pública. A segunda parte na Academia de Polícia, reforçando o conceito humano", diz. "Mas o terceiro pilar que sustenta essa mudança de postura por parte dos policiais é com relação à remuneração. É preciso que haja um salário digno, não apenas de gratificação, que o policial possa se orgulhar da função e não ficar escondido." Segundo Dantas, a Ouvidoria solicitou um estudo sobre o plano salarial da polícia para que possa reivindicar reajustes dignos.

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