Corte de madeira eleva tensão com agricultores no PA

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Por Carlos Mendes
Atualização:

O clima tenso e a iminência de um confronto entre madeireiros e agricultores em Anapu, no sudoeste do Pará, fez a polícia reforçar o efetivo no local. Ontem, foram enviados à região policiais de Belém, Marabá e Altamira.De acordo com o padre Amaro Lopes, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) do município, as famílias de agricultores do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Esperança, criado pela missionária Dorothy Stang, bloquearam o acesso ao assentamento após vários caminhões carregados de toras de madeiras extraídas ilegalmente terem sido flagrados deixando o local.Os procuradores da República Alan Mansur e Daniel Azeredo Avelino pediram que a invasão dos madeireiros no assentamento do projeto seja investigada. "O Incra nada faz para impedir esse crime", afirmou o padre. Segundo ele, as invasões para a retirada de madeira ocorreram durante todo o ano passado. "O Ibama flagrou a ação dos madeireiros e aplicou diversas multas, mas isso não inibiu a derrubada da floresta."Em agosto do ano passado, depois que dois veículos de madeireiros foram incendiados, o Ministério Público Federal chegou a pedir apoio da Força Nacional para garantir a segurança na região. Até hoje isso não ocorreu. A falta de policiamento causou perigo inclusive aos fiscais ambientais e o governo paraense na época não fortaleceu a presença policial na região.Reação. O padre explicou que os trabalhadores decidiram bloquear as estradas como forma de pressionar o Incra a dar mais atenção à região, e construir guaritas nas estradas que dão acesso ao assentamento do projeto, para controlar a entrada e saída de veículos.A direção do Incra em Santarém não quis se manifestar sobre o bloqueio em Anapu, área sob sua jurisdição. Um assessor informou que a superintendente do órgão, Cleide de Souza, estava em reunião e não havia ninguém para prestar informações.O capitão Márcio Abud, que responde pela Companhia de Policiamento Militar de Anapu, se deslocou para o assentamento com dez homens. Ele vai fazer uma avaliação da situação e, se houver necessidade, acionará o efetivo militar da Companhia Regional da PM de Altamira, que já se encontra de prontidão. Além disso, um efetivo da Polícia Militar de Marabá, com cerca de 30 homens, também poderá ser acionado.

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