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CPI do Tráfico de Órgãos manda prender dois

Por Agencia Estado
Atualização:

A CPI do Tráfico de Órgãos da Câmara Federal, presidida pelo deputado Neucimar Fraga (PL-ES), deu voz de prisão, hoje, ao marceneiro Gerson Luiz Ribeiro de Oliveira e ao mecânico João Cavalcanti Nascimento, que venderam um de seus rins e são acusados de aliciadores no esquema internacional de tráfico de rins envolvendo Pernambuco e África do Sul. Eles se negaram a depor à CPI, alegando direito constitucional, e deveriam ser autuados em flagrante por um delegado federal ainda hoje à noite. Ambos são beneficiários de habeas corpus e respondem a processo na Justiça Federal em liberdade. Outros acusados de participação no tráfico que deveriam ter sido ouvidos pela CPI Federal na Assembléia Legislativa, no Recife, também se negaram a depor, mas como já estão presos, a CPI federal não tomou nenhuma atitude. Somente dois deles apresentaram documento da Justiça Federal, assinado pela juíza da 13. Vara, Amanda Torres de Lucena, garantindo o seu direito de permanecer em silêncio: o ex-oficial do Exército israelense Gedalya Tauber, acusado de ser o responsável pela organização da quadrilha no Brasil, e Terezinha Medeiros de Souza, que tinha relacionamento amoroso com o israelense e é acusada de ser responsável pelo cofre onde eram depositadas as quantias a serem pagas aos que vendiam o rim. O único a depor foi o capitão aposentado da Polícia Militar Ivan Bonifácio da Silva, acusado de ser o principal aliciador de vendedores de rim no Brasil. Ele reafirmou ser apenas intérprete dos israelenses e disse não saber que a comercialização de órgãos era ilegal. Dos 28 denunciados pelo Ministério Público Federal e que respondem a processo na Justiça Federal, 12 foram presos (dois deles israelenses) e metade conseguiu habeas corpus. Estima-se que o esquema movimentou em torno de US$ 4,5 milhões com a comercialização de cerca de 30 órgãos. Os que se dispunham a vender o rim - a maioria gente pobre da periferia recifense - eram levados para Durban, na África do Sul, onde se submetiam a cirurgia de retirada do órgão, recebendo entre U$ 10 mil e US$ 3 mil.

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