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Cratera engole 14 imóveis e interdita 70 em Monte Alto

Motivo é uma voçoroca, um fenômeno geológico causado geralmente pela chuva que cai em terrenos com pouca vegetação; moradores ficaram desabrigados

Por Agencia Estado
Atualização:

Até a tarde desta terça-feira, 6, 12 residências e duas casas comerciais tinham sido engolidas por uma gigantesca cratera, no Jardim Paulista 1, em Monte Alto, cidade com cerca de 50 mil habitantes na região de Ribeirão Preto. Houve pânico e correria, mas ninguém ficou ferido. Outros 70 imóveis foram interditados na área de risco, deixando cerca de 200 pessoas desalojadas. A maioria foi para residências de parentes e outras para o ginásio de esportes da cidade. O motivo é uma voçoroca, um fenômeno geológico causado geralmente pela chuva que cai em terrenos com pouca vegetação. Devido ao problema, o prefeito Maurício de Mattos Piovezan (PT) decretou nesta terça estado de calamidade pública. O desmoronamento das casas começou na metade da tarde de anteontem (05), mas o problema existe desde a formação do loteamento, há 20 anos. "Graças a Deus isso aconteceu num horário que não tinha ninguém nas casas e não durante o almoço ou à noite, quando estaríamos dormindo", disse o morador Clarindo Guimarães. Sua casa está a um quarteirão da cratera de cerca de 500 metros que se formou e nesta terça, ele retirou os móveis e pertences, levando tudo para uma chácara. A mesma sorte não teve Linda Maria Meira, dona da terceira casa que desmoronou. Ela perdeu tudo e foi para a casa da filha Sílvia Meira (PTB), que, em 2004, foi candidata a prefeita da cidade. "O problema arrasta-se há anos porque é um dinheiro enterrado", comentou Sílvia, antes de participar de uma reunião de moradores com representantes da prefeitura e do Ministério Público Estadual (MPE). "Não tem que se discutir culpa, mas solução", disse ela. Prejuízos A voçoroca engoliu um caminhão, uma moto e duas máquinas. A prefeitura começava a trabalhar na área, após conseguir R$ 973 mil do governo federal para obras de drenagem e escada hidráulica. Segundo o engenheiro da prefeitura, André Nascimento, os degraus, de 4 metros de largura por 70 centímetros de comprimento, evitariam a infiltração de água pluvial na área, que fica num vale que foi aterrado, mas não compactado. A verba ainda recuperaria uma das duas casas interditadas previamente. Porém, a chuva agravou a situação - choveu cerca de 750 milímetros desde o início do ano na cidade. O prefeito Piovezan informou que, agora, terá que esperar o novo levantamento dos prejuízos, inclusive um novo laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), mas que os moradores serão indenizados. "Temos boa vontade e também vamos acionar os loteadores, que são co-responsáveis por isso", avisou o prefeito. Piovezan citou ainda que os seus antecessores no cargo nada fizeram para resolver a situação. O IPT já tinha feito um laudo especificando os riscos de deslizamento da área. Para o prefeito, a culpa deve ser dividida em três partes: poder público, loteadores e até o MPE, que não teria agido desde o início do problema, há anos. Para o promotor Gilberto Porto Camargo, a construção de casas na área foi irregular e o tempo levou à perda de aderência do solo. O decreto de estado de calamidade pública permitirá ao prefeito pleitear verbas dos governos estadual e federal para as obras na área da voçoroca.

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