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Cresce a maioria dos índices de criminalidade no Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

A apresentação dos novos índices de criminalidade pela Secretaria da Segurança Pública do Rio foi marcada por críticas indiretas ao ex-governador e candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, acusado de manipular registros de crimes durante sua administração. Com a nova metodologia, que inclui a divulgação de números que eram omitidos pelo governo anterior, como os de encontros de cadáveres, a maioria dos índices de criminalidade apresentou aumento, se comparado o primeiro quadrimestre do ano passado com o mesmo período deste ano. Somente os homicídios dolosos (com intenção de matar) cresceram 15,62%. Os índices novos mostram aumento de 24,8% dos registros totais de roubo na comparação dos quatro primeiros meses de 2001 (32.049 casos) com o mesmo período deste ano (40 mil). No caso específico do roubo de veículos, houve aumento de 31,34% dos registros na comparação do mesmo período de 2001 (9.241) com o de 2002 (12.137). Nos homicídios dolosos houve aumento de 15,62%, passando de 2.189 para 2.351. No mesmo período, os números de latrocínio caíram 15,71%, de 70 registros para 59; e os de roubo em coletivo baixaram 22%, caindo de 2.062 para 1.606. A secretaria da Segurança Pública colocou os registros feitos nas delegacias do Estado no site do governo e publicou 28 índices de criminalidade no Diário Oficial, 15 a mais que o governo Garotinho. "O governo abriu a caixa preta dos números" declarou a coordenadora de Segurança, Jaqueline Muniz. Ela afirmou que no governo anterior houve "opção por uma fonte que é parcial", referindo-se ao aumento de sete mil casos de roubo nos números divulgados hoje, em relação ao que havia sido divulgado por Garotinho. "Não há manipulação, estamos usando números oficiais da base de dados da Polícia Civil." A própria Jaqueline diz que as quedas registradas são insuficientes para alterar a sensação de insegurança. "A dinâmica de letalidade é grave no Rio. Herdamos um passado grave, com conflitos entre criminosos e regiões conflagradas, o que tem efeito direto sobre quantidade de mortes." "Não polemizo com o outro governo. As falhas, se você quiser colocar, é só ler. Havia uma professora que dizia que um número bem torturado pode chegar a qualquer tipo de conclusão. Hoje, todos os dados brutos do Estado do Rio estão à disposição. Vamos fornecer a verdade", disse o secretário da Segurança Pública, Roberto Aguiar. Segundo ele, com a divulgação dos novos números, a polícia poderá trabalhar de forma mais "racional. "Pela primeira vez na história policiais vão trabalhar com dados verdadeiros e saber onde estão colocando os pés. Antes, a gente trabalhava por impressões, achismos, por emoções." Numa referência a governos anteriores, Aguiar disse hoje que o Rio "caminhou para a barbárie: "Houve todo um descaso durante muito tempo. A cidade caminhou para a barbárie, esta é a grande questão. Houve uma leniência muito grande com relação à criminalidade. Por isso, o susto, porque é preciso lembrar que democracia não significa frouxidão, democracia significa legitimidade e autoridade. Parece que o Rio teve uma história de coisas um pouco soltas, e acho que o governo Benedita sofre com isso." Segundo ele, o Rio necessita de uma intervenção "mais dura, não no sentido de repressão pela repressão, mas no sentido de ser rigorosa, científica". Em Recife, Garotinho pediu hoje a "demissão" do secretário da Segurança Pública do Rio, e acusou a governadora Benedita da Silva (PT) de colocar "gente despreparada" no governo.

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