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Cresce a poda ilegal de árvores

Empresas e informais cobram até R$ 1,5 mil por dia; pela Prefeitura, demora é de 3 meses

Por Naiana Oscar e JORNAL DA TARDE
Atualização:

A demora de três meses nos serviços de poda e corte de árvores realizados pela Prefeitura de São Paulo estimula um mercado paralelo de empresas e trabalhadores informais que cobram até R$ 1,5 mil por dia. Para não serem flagradas pela fiscalização, essas pessoas trabalham nos fins de semana e afirmam que, no caso de os fiscais aparecerem, o contratante tem de estar preparado para "desembolsar propina". A poda e o corte de árvores em áreas públicas só podem ser feitos por funcionários municipais e precisam de autorização do subprefeito, com publicação no Diário Oficial. Na capital, mesmo em imóveis particulares, é necessário obter a permissão para contratar o serviço. A reportagem entrou em contato com dez jardineiros que deixam anúncio na internet ou em faixas espalhadas pelo Município. Quatro deles aceitaram fazer, sem autorização da Prefeitura, o serviço de poda em árvores nas calçadas de vias. Seis recusaram, alegando que corriam o risco de serem presos por crime ambiental. Com anúncio na internet, um prestador de serviço que se identificou como Aldair exige apenas que o contratante assine um termo de compromisso, se responsabilizando pela ação. O trabalho, segundo ele, é feito por equipe especializada, até com equipamentos silenciosos. Por dia, ele cobra R$ 1.560. Para alertar o contratante dos riscos, Aldair conta que o último serviço feito por ele, em Interlagos, foi flagrado por fiscais. "O proprietário teve de pagar um caixinha de R$ 5 mil para não levar a multa." A multa por corte irregular pode chegar a R$ 1.105 por muda. "Nos Jardins, uma casa foi multada em R$ 18 mil neste ano", afirmou o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo. Se a poda for malfeita, a Secretaria do Verde e Meio Ambiente aplica a Lei de Crime Ambiental: multa mínima de R$ 10 mil por árvore. No ano passado, a Prefeitura recebeu 39.191 solicitações de poda e corte de árvores e diz ter realizado 138 mil. Mesmo assim, admite que a fila de espera é de, no mínimo, três meses, por conta do número insuficiente de engenheiros agrônomos - o que só deve ser resolvido no fim deste ano, quando ocorrer um concurso público.

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