Cresce procura por hostel em SP

Esse tipo de hospedagem descontraído é ideal para quem quer conhecer a vida cultural e noturna da cidade

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Por Mônica Cardoso
Atualização:

Eles não têm o rigor dos hotéis e são ainda mais informais que as pousadas. Quartos, banheiros e cozinha são compartilhados pelos hóspedes, numa espécie de extensão de casa. E o negócio se mostra tão atraente que, mesmo numa cidade sem grandes "postais" como São Paulo, o número de hostels ou albergues está aumentando. Só nos últimos seis meses, três estabelecimentos abriram as portas na capital - são oito no total. Em torno de 80% dos hóspedes são estrangeiros, vindos principalmente da Europa e dos Estados Unidos. Os brasileiros vêm atraídos por feiras, congressos e eventos. Aos donos e gerentes dos hostels cabe mostrar que, além do turismo de negócios, a capital paulista guarda uma rica vida noturna e cultural. "Nós apresentamos uma cidade conhecida só por quem mora aqui", diz Túlio Tallini, de 35 anos, proprietário do Vila Madalena Hostel, aberto há quatro meses no bairro de mesmo nome. Ele recomenda locais não tão óbvios, que não constam de guias turísticos, como a Galeria Ouro Fino, na Rua Augusta. Os amigos ingleses Joseph Dejardin e Rhianon Morgan-Hatch, ambos de 21 anos, são estudantes de Arquitetura e passaram um mês de férias no Brasil. Depois do trinômio praia-festa-caipirinha, chegaram ao hostel para descansar antes de voltar a Londres. "Eu gosto de design e o Túlio nos indicou lugares ótimos para conhecer na região", conta Dejardin. Resultado: passaram dois dias batendo perna pelos ateliês e lojinhas de artesanato da Vila. Cercado por altos edifícios residenciais, o hostel é um pedacinho de tranquilidade no agitado bairro. É possível tomar café da manhã no quintal, decorado com redes e cadeiras de balanço. Em uma parede, os hóspedes deixam sua marca com grafites e pinturas. PARTY Como esse estilo "low cost" de hospedagem atrai muitos jovens, principalmente na faixa dos 20 aos 30 anos, alguns hostels procuram aliar estada a diversão. São os chamados "party hostels", que promovem festas descoladas. Aberto há seis meses em uma casa na Bela Vista, o Lime Time tem essa proposta. Na sala de estar, computador com internet gratuita e videogame. "O objetivo do albergue é integrar os hóspedes. Muitos estrangeiros viajam sozinhos, conhecem outras pessoas aqui e acabam seguindo juntos na viagem", conta o proprietário, Alberto Azevedo. Ele leva os hóspedes para baladas em clubes como Vegas e FunHouse. Antes da saída, um "esquenta" no bar do hostel. "Nosso foco é mostrar a diversidade da vida noturna paulistana. São Paulo é uma cidade difícil para quem não conhece." PERFIS O Casa Club Hostel Bar, na Vila Madalena, é uma simpática mistura de albergue e bar, também aberto ao público. De terça a domingo, abriga bandas que vão do pop ao samba. "Nosso foco é o jovem que quer se divertir enquanto está hospedado", explica um dos sócios, Sávio Mourão Henrique, de 29 anos. Embora minoria, há quem viaje com o intuito de ficar e conhecer São Paulo, como o arquiteto Thomas Christian von Cunten, dses ee 29 anos, que chegou há dois meses e não marcou a data da volta. "Eu gosto do lado urbano das grandes cidades. Quis conhecer a arquitetura da maior cidade do hemisfério sul e como as pessoas vivem aqui." O hostel mais antigo de São Paulo é o Albergue da Juventude da Praça da Árvore, aberto há 11 anos. Promove festas temáticas, churrascos e passeios turísticos por pontos tradicionais da capital. "É mais divertido ficar em um hostel, onde é possível conhecer outros turistas", avalia Ricardo Mattar, presidente da Associação Paulista dos Albergues da Juventude (Apaj). No Estado, o número de hostels associados à Apaj passou de 8 para 16 nos últimos dois anos.

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