PUBLICIDADE

Criança de 9 meses morta em atropelamento no Rio é enterrada

Bebê e mais seis pessoas foram atropeladas por carro que invadiu calçada em Bangu no sábado; mais 4 morreram

Por Marcelo Auler e Pedro Dantas
Atualização:

A menina Emanuele Vitória da Silva, de 9 meses, foi enterrada nesta segunda-feira, 29, no Cemitério do Murundu, em Realengo, zona oeste do Rio. Ela e mais quatro pessoas morreram atropeladas no sábado à noite, quando o feirante André Leandro da Silva, de 39 anos, invadiu a calçada de uma rua em Bangu onde estava sendo preparada uma festa junina. Outras duas pessoas ficaram feridas.

 

Veja também:

PUBLICIDADE

 

Silva foi preso em flagrante ao tentar fugir do local, mas pagou fiança de R$ 800 e foi liberado. A carteira de habilitação dele estava vencida há dois anos. No enterro, o clima era de revolta com a libertação do feirante. "Espero Justiça com as vidas que foram ceifadas e vou orar pelas pessoas hospitalizadas", disse a mãe da criança, Márcia da Silva, de 23 anos. Muito abalada, ela foi amparada por familiares e amigos durante todo o tempo. Antes do sepultamento, ela ajoelhou ao lado do caixão e beijou a testa da filha.

 

Os atropelamentos são comuns na região. Os dois irmãos de Márcia já foram atropelados na mesma avenida da tragédia. Um deles, Marcelo da Silva, de 37 anos, morreu há um mês. Ele ficou paraplégico depois de um carro invadir a casa da família quando ele tinha sete anos. O outro irmão de Márcia, Edson da Silva, de 25 anos, também foi atropelado, mas sofreu ferimentos leves.

 

"Nossas leis e os políticos são cegos. Principalmente com os pobres. Ele (o feirante) vai comprar outro carro e fazer a mesma coisa. A vida destas pessoas vale apenas R$ 1.200?" questionou a tia da menina, Elizarda Lima Ramos, de 45 anos. Os moradores contaram que há tempos solicitam às autoridades a instalação de redutores de velocidade na Avenida Santa Cruz.

 

Renato Monsores Cavalcante, de 30 anos, há nove meses casado com Luciene Lima Wanderlei Cavalcante, de 25 anos, uma das vítima, também ficou resvoltado. "Vou à Justiça para punir o responsável", prometeu Cavalcante, na tarde de domingo, ao acompanhar o funeral da mulher, no cemitério São Francisco Xavier, no Caju, zona portuária do Rio.

 

 

Acidente

Publicidade

 

No momento do acidente, cerca de 30 pessoas comemoravam um aniversário com uma festa junina, na Rua da Feira, no bairro de Bangu, na zona oeste. André Silva saiu do carro com cortes superficiais e ao tentar fugir foi contido pelos moradores. A multidão ameaça linchá-lo e ele foi mantido em um carro da PM.

 

Adalmir do Amaral, de 34 anos, Pedro Pontes, de 71 anos, e Luciene de Lima morreram no local do acidente. A pequena Emanuele Vitória, que estava no colo de Luciene, sofreu traumatismo craniano e múltiplas fraturas. Foi levada para o Hospital Albert Schweitzer, no bairro vizinho de Realengo. Como não havia neurocirurgião no plantão, foi transferida para o Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói. No domingo, teve uma parada cardíaca e não resistiu.

 

Pedro Henrique Barbosa Pontes, de 16 anos, chegou ao Albert Schweitzer com fratura de fêmur, lesão vascular, fratura de tíbia e do cotovelo. Foi transferido em estado grave para o Hospital Municipal Salgado Filho e morreu também no domingo. Ele é neto de Pedro Pontes, que morreu no local. No Albert Schweitzer foram atendidos ainda Airton Ferreira Macedo, de 46 anos, com fraturas na costela, e Rodrigo Pereira de Jesus, com ferimentos leves.

  

A delegada de plantão na 33ª DP registrou o flagrante pela tentativa de fuga e por homicídio culposo e lesões corporais. Débora Rodrigues explicou que na delegacia ele não aparentava sinais de estar bêbado ou drogado. Por isso, explicou, não foram pedidos exames médicos. "Tudo ficará registrado no atendimento médico que ele teve, acho que no Hospital Albert Schweitzer", disse.

 

Atualizado às 19 horas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.