Criança é vítima de taturana assassina em São Paulo

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O Hospital Universitário está com um paciente vítima da "taturana assassina", inseto cuja queimadura causa a destruição dos fatores de coagulação do sangue e pode levar à morte por hemorragia e que desde fevereiro não causava acidentes em São Paulo. A vítima, uma criança de quatro anos, encostou num grupo de lagartas que estava numa nespereira, em Parelheiros, e os pesquisadores que o Instituto Butantã enviou ao local capturaram algumas lagartas que foram identificadas como o inseto perigoso, a Lonomia obliqua. A queimadura não foi grave, porém, atingiu uma mão e o antebraço e a criança não apresenta a síndrome hemorrágica, ao contrário de outras vítimas do inseto que nos últimos anos tem causado acidentes na beira das represas de São Bernardo, em Bertioga e Cotia, segundo o médico Francisco Oscar de Siqueira França, que atendeu o menino. Ele lembra que embora o inseto esteja bem difundido na Grande São Paulo, só um único caso ocorreu dentro da Capital, em janeiro deste ano. Este caso, que não foi divulgado na ocasião, afetou uma senhora, atingida pela taturana no bairro do Morumbi, numa casa que fica logo atrás do Palácio dos Bandeirantes. A "taturana assassina" costuma provocar mortes na Amazônia, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, sendo que apenas nos Estados do Sul chegou a matar mais de dez pessoas. Os casos chegaram a uma freqüência tão grande no Sul, que o Butantã passou a coletar taturanas no Rio Grande, desenvolveu um processo para retirar os seus minúsculos pelos em forma de miniatura de árvore-de-natal, dentro dos quais existe o veneno e a partir da maceração desses pêlos, foi possível preparar o antídoto em sangue de cavalos que foram inoculados. O soro, altamente eficaz, já salvou a vida de várias pessoas e tem sido enviado inclusive para a Colômbia, onde soldados do Exército por vezes sofrem queimaduras. O curioso é que não se sabe porque a taturana, que era endêmica da Amazônia, passou a se reproduzir em quantidade tanto em São Paulo, como no Sul do Brasil. O entomólogo Roberto Henrique Pinto Moraes, do Butantã, acredita que a derrubada das florestas fez o inseto mudar seu comportamento, passando a procurar os pomares dos sítios. Não há certeza sobre isso, entretanto, como não se sabe também porque os acidentes na Amazônia e no Sul do Brasil são geralmente mais graves do que em São Paulo, onde é comum casos como este de agora, em que a vítima tem contato com o inseto, sofre a queimadura, mas seu sangue continua com tempo normal de coagulação. Para os cientistas, é provável que o inseto precise de algum alimento especial, para que seu veneno adquira a potência que o torna mortal.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.