Criança morre durante tiroteio entre PMs e traficantes no Rio

A bala pode ter sido disparada por traficantes ou por policiais do 22º Batalhão da PM, que travavam tiroteio no local

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Por Agencia Estado
Atualização:

Morador da Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, o menino Renan da Costa Ribeiro, de três anos, foi morto com um tiro de fuzil no abdome, no início da tarde deste domingo, 1º. A bala pode ter sido disparada por traficantes ou por policiais do 22º Batalhão da PM, que travavam tiroteio no local. Revoltados com a morte do garoto, habitantes da Nova Holanda protestaram, na Avenida Brasil, e apedrejaram um ônibus. Na mesma troca de tiros, Rafael de França Brito, de 21 anos, que também seria morador da favela, levou um tiro no pé direito. Brito foi operado no Hospital Geral de Bonsucesso e está fora de perigo. Renan também foi socorrido; no entanto, o ferimento era extremamente grave e ele morreu pouco depois de chegar à unidade. Moradores se descontrolaram e tentaram ocupar parte da Avenida Brasil e da Linha Vermelha, mas foram impedidos por PMs. Eles lançaram pedras contra um coletivo de número 324 (Ribeira-Castelo), que ficou com os vidros destruídos. Nenhum passageiro ficou ferido. Um fiscal da empresa Ideal, que explora a linha, esteve no local, retirou o ônibus, mas não quis apresentar queixa. No meio da tarde, foram ouvidos mais tiros. De acordo com o tenente-coronel Antônio Jorge Gonçalves Moreira, comandante do Batalhão de Policiamento de Vias Especiais (BPVE), que foi chamado para coibir a manifestação dos moradores, policiais do 22º Batalhão da PM (Maré) estavam na Nova Holanda para verificar se a votação era realizada normalmente. Eles foram, então, surpreendidos por traficantes armados, que começaram a atirar. Os PMs revidaram e quem andava pela rua acabou ficando na linha de tiro. Renan estava com a avó e uma tia, numa das vias mais movimentadas da favela, quando foi alvejado. Dentro do Complexo da Maré, funcionam quatro postos de votação, mas até o fim da tarde não havia informações de paralisação devido ao confronto, segundo informou o Tribunal Regional Eleitoral. No dia 16 de setembro, outra criança, o menino Lohan de Souza Santos, de nove anos, foi vítima de um tiroteio entre PMs e traficantes. Ele estava numa rua no Morro do Borel, na zona norte, quando foi atingido por uma bala de fuzil na cabeça. Um PM, o cabo Heraldo Ferreira de Andrade, também foi morto na ocasião. Parentes de Lohan, amigos e vizinhos da família, desolados, fizeram uma passeata pedindo punição para os culpados seis dias depois do crime. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. Os moradores acusam PMs de terem atirado em Lohan.

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