Crianças são maioria diante de prédio

''Tem que ''lixar'''', dizia menina de 8 anos, repetindo a mãe

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Foto do author Gilberto Amendola
Por Gilberto Amendola e Vitor Hugo Brandalise
Atualização:

Vestindo um uniforme escolar e carregando uma mochila nas costas e uma pasta cor-de-rosa nas mãos, Fernanda (nome fictício), de 8 anos, estava parada em frente ao edifício Bragança da Serra, na Rua Dr. Timóteo Penteado, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Ao perceber a movimentação dos repórteres, a menina repetia: "Tem que ?lixar?, tem que ?lixar?". Perguntada sobre o significado de ?lixar?, ela respondeu. "Minha mãe disse que ?lixar? (linchar) é bater no pai da Isabella." Esse era o clima diante do prédio onde mora Alexandre José Peixoto Jatobá, pai da madrasta de Isabella. Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni chegaram ao local às 9h30 de ontem, para visitar seus dois filhos. Desde então, a presença do casal fez com que o movimento na rua e nos arredores se intensificasse. Centenas de curiosos insistiram em fazer plantão em frente ao edifício. O que mais chamava a atenção era o número de crianças de 7 a 12 anos que estavam diante do prédio. Por volta das 18 horas de ontem, elas eram maioria no local. O número de crianças fez com que João Filho, de 54 anos, pipoqueiro que atua na região, mudasse o seu ponto para a frente do edifício Bragança. "Eu percebi o movimento e vim para cá. Tem muita mãe com criança pequena aqui, não é?", disse o pipoqueiro. Do outro lado da rua, um casal de idosos também acompanhava o entra-e-sai no edifício. Os aposentados Osvaldo Pereira de Souza, de 71 anos, e Laura Pereira de Souza, de 62, saíram da Vila Maria, para "chegar perto do caso Isabella" em Guarulhos. Segundo Pereira, foi mais de uma hora de carro. Além da expectativa em relação à saída do casal Jatobá, uma pichação, em um sobrado em frente ao prédio, chamava a atenção. No muro, estava escrito: "Guarulhos não quer vocês aqui". Ao chegar, o casal estava no banco traseiro do carro, separados por três sacolas de compras. Por volta das 17 horas, duas viaturas do 15º Batalhão da Polícia Militar foram chamadas pelo síndico do condomínio para liberar o acesso de veículos à garagem do prédio e para facilitar a entrada dos moradores pelo portão. Às 19 horas, já eram quatro viaturas e oito soldados.

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