PUBLICIDADE

Crime pára empresa de ônibus em São Paulo

Por Agencia Estado
Atualização:

Motoristas e cobradores da Viação Transkuba, que opera 16 linhas e atende a 94 mil passageiros da zona sul, só devem voltar ao trabalho nesta sexta-feira depois do sepultamento do motorista Fábio Santos Borges, de 27 anos, às 11 horas. Ele foi assassinado nesta quarta-feira, com um tiro no peito. Segundo o Sindicato dos Condutores, todos os 985 funcionários da Transkuba aderiram à greve em protesto contra o crime, iniciada às 3 horas desta quinta. Após o início da paralisação, a São Paulo Transportes (SPTrans) deu início à operação Plano de Apoio às Empresas em Situação de Emergência (Paese). Segundo a Assessoria de Imprensa da SPTrans, 118 dos 188 carros da Transkuba foram substituídos. De acordo com o assessor da presidência do sindicato, Renato Souza de Oliveira, a paralisação é uma forma de exigir melhores condições de trabalho. ?A empresa sofre uma média de 60 assaltos por mês.? Segundo ele, foram registrados oficialmente 160 casos só no ano passado. Hoje, uma comissão de trabalhadores e sindicalistas deve procurar o comando da Polícia Militar na região para pedir reforço no policiamento na área. Eles prometem voltar à greve a cada novo assalto. Afeganistão Um dos diretores do sindicato, Simeão de Lima, afirmou que os motoristas da linha 675-A, Parque Santo Antônio-Metrô São Judas, onde Borges trabalhava, só devem voltar ao trabalho quando o endereço do ponto final for trocado. ?Aquilo lá parece faroeste. Todo mundo conhece essa linha como Afeganistão?, disse. ?Em vez de dar sinal para descer, tem passageiro que bate com a arma no vidro.? Segundo Lima, os assaltos, constantes, são praticados em sua maioria pelos dois homens que mataram o motorista. ?Perdemos um colega, que amava as duas filhinhas. Enquanto isso, vemos aqui seus assassinos andando livremente. Todo mundo sabe quem são.? Borges, que trabalhava havia dois anos na empresa, estava de folga e fazia hora extra no lugar de um fiscal. O ônibus chegara ao ponto final, na Rua Raimunda Franklin de Mello, Parque Santo Antônio, e faria a última viagem às 23h30, quando a dupla anunciou o assalto. Os dois levaram R$ 207,00 e reclamaram que era pouco. ?Fábio só disse para deixarem o cobrador em paz, porque não tinha mais dinheiro para entregar?, disse Lima. Segundo o sindicalista, um dos bandidos ordenou que o comparsa atirasse. ?Ele disse que o Fábio era ?folgado? e merecia morrer.?

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.