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Crimes mudam rotina de moradores de rua de SP

Por Agencia Estado
Atualização:

O centro da cidade estava vazio às 11 horas da manhã, mas a ausência dos moradores de rua chamava a atenção dos poucos funcionários do comércio aberto. Ana Célia Silva, de 29 anos, que trabalha em uma lanchonete na rua Quintino Bocaiúva notou que o grupo que ficava próximo a lanchonete não estava mais lá. "Eles ficavam aqui para pedir comida, acho estranho que eles não estejam mais.". O movimento dos moradores de rua mudou. Geraldo Prestes de 62 anos, morador de rua , que dorme em frente ao largo São Francisco, disse que muitos de seus colegas mudaram de lugar. O pessoal da polícia passou aqui ontem à noite e avisou o pessoal que dormia na Rua Direita que era melhor mudar de lugar. Seu companheiro de rua, Antonio Pereira Araújo, 51 anos, está assustado com a situação e busca meios de se proteger à noite." Aqui ninguém dorme direito, sempre tem um acordado e qualquer pessoa estranha que chega, ou apanha ou sai correndo". Mas mesmo assim ele não pretende sair do centro." A gente morre na hora que tem que morrer. Para eles a nossa vida não vale nada". Na Praça da Sé onde outra vítima foi encontrada, a alternativa encontrada pelos moradores de rua foi dormir perto da base da PM. Outros preferiram procurar albergues como Maria do Carmo Reis, de 42 anos. "A rua não está mais prestando. Tenho muito medo e fui dormir na porta do albergue do Glicério. Marcio Leite, de 46 anos, foi para o albergue a semana passada quando a polícia avisou sobre os crimes. "Quem ficou na rua dorme armado com faca. Está todo mundo fugindo daqui agora". Ao meio dia, o movimento ecumênico começava. Integrantes de pastorais, grupos religiosos, organizações não governamentais e os próprios moradores de rua já estavam no local segurando faixas. Em uma delas estava escrito: "Queremos justiça. O sangue dos nossos irmãos foi derramado na cidade". Irmã Regina Maria Manoel, da Pastoral da Rua, que trabalha na Casa da Oração do Povo da Rua, está indignada com os assassinatos. " É um absurdo nem a intolerância justifica algo assim".

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