Criminosos matam agente e exigem saída da Força Nacional do ES

O bilhete deixado: "Gostava de esculachar muito os presos. Por isso morri. Senão tirar a Guarda Nacional do presídio vai morrer mais. Assinado: Crime do Estado"

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Por Agencia Estado
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O agente penitenciário Cláudio Luiz de Brito Barcelos, de 37 anos, foi assassinado em Fundão, a 55 quilômetros de Vitória (ES), na noite de sábado. Ele foi atingido por sete tiros. Sobre o corpo, os criminosos deixaram um bilhete, exigindo a retirada da Força Nacional de Segurança, que atua há um mês no Estado. O nome de Barcelos integra uma lista de agentes ameaçados, segundo informações colhidas pelo serviço de inteligência da Secretaria de Estado de Segurança Pública. Por questão de segurança, não foi informado quantas pessoas compõem a lista. A exemplo de São Paulo, os agentes penitenciários poderão andar armados. "Não existe ligação entre a morte do agente e os acontecimentos de São Paulo. Mas pode acontecer de os criminosos daqui estarem se sentindo motivados a repetir os fatos de São Paulo", afirmou o secretário de segurança, Evaldo Martinelli, em entrevista coletiva na tarde deste domingo. Barcelos era agente penitenciário da Casa de Custódia de Viana havia cinco anos. Para lá, foram transferidos 655 detentos do Presídio de Segurança Máxima, destruído em rebelião no mês passado. No início de julho, entidades de defesa dos direitos humanos denunciaram que os presidiários da Casa de Custódia de Viana eram submetidos a choques elétricos e maus tratos. Os agentes da Força Nacional de Segurança atuam nessa unidade. Execução Na noite de sábado, Barcelos estava num bar em frente de casa, em Praia Grande, distrito de Fundão. Dois homens fizeram os disparos contra ele. Três tiros acertaram a cabeça; três o tórax, e um entrou pela lateral direita do corpo. O agente estava armado de uma pistola 380, mas não teve tempo de reagir. Seus filhos, uma menina de 4 anos e um garoto de 6, estavam a poucos de metros do local em que o pai foi assassinado. Os criminosos deixaram o seguinte recado sobre o corpo do agente: "Gostava de esculachar muito os presos. Por isso morri. Senão tirar a Guarda Nacional do presídio vai morrer mais. Assinado: Crime do Estado". Força necessária Martinelli disse que a Força Nacional de Segurança é necessária. "A atuação da Força Nacional de Segurança é importante. São 200 homens que fazem a contenção da Casa de Custódia de Viana, permitindo assim que 200 policiais militares sejam deslocados para o policiamento ostensivo nas ruas. Além disso, inibe a entrada de armas e celulares nos presídios. É segurança para o preso e para a sociedade", afirmou. Segundo Martinelli, o serviço de inteligência recebeu informações da noite de sábado de que um grupo de agentes estava sob ameaça de morte. "Entregamos para a Secretaria de Justiça a relação dos nomes dos agentes e passou-se a providenciar a segurança daqueles que eram possíveis alvos de atentados". Segundo a assessoria de imprensa da secretaria de Justiça, Barcelos havia sido avisado das ameaças, mas não havia informações se a segurança dele tinha sido reforçada. "Reforçamos o policiamento ostensivo, de forma que possamos prevenir a possibilidade de novas ocorrências e entramos em contato com São Paulo para saber detalhes do projeto de lei que permite aos agentes porte de arma, para que o Espírito Santo adote o mesmo modelo", disse Martinelli. Nesta segunda, um grupo de agentes vai fazer manifestação em frente à sede da Secretaria Estadual de Segurança Pública, em Vitória. Eles querem o anúncio de medidas de segurança para a categoria.

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