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"Crise com a Bolívia não vai ser explorada eleitoralmente", diz Lula

Lula apontou preocupações em relação à América do Sul e a necessidade do País se colocar como líder da economia local

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou na sexta-feira que não vai explorar eleitoralmente a crise envolvendo a Petrobrás e a Bolívia, fazendo "bravatas" contra o país vizinho. Ele disse esperar que as coisas agora fiquem "mais tranqüilas", depois da demissão do ministro de Hidrocarbonetos e Energia da Bolívia, Andrés Solíz Rada. Lula afirmou que "tem a maior paciência do mundo", que "quer tudo acordado, com a maior tranqüilidade", mas acabou mandando um novo aviso aos bolivianos: "essas coisas também têm limite. Se não houver da parte do governo boliviano, interesse de fazer as coisas tranqüilas como quero fazer, então, o que vai acontecer? Um rompimento? Eu não quero que isso aconteça. Eu não quero porque eu trabalho com a hipótese de que a América do Sul tem de se desenvolver e que os países da América do Sul que tem fronteira com o Brasil tenham chance". O presidente evitou comentar os novos ataques à Petrobrás, que agora foi acusada de fazer exportação "irregular" de óleo. "O Brasil tem mais responsabilidade por ter maior economia e é por isso que eu nem sempre posso responder como algumas pessoas gostariam que eu respondesse, com a bravata, com o grito, com o rompimento", disse, ainda queixando-se do comportamento do país vizinho. "É que eu acho que, se você quer fazer política internacional jogando só para seu público não dá certo. Toda vez que um presidente da República deixa de funcionar como estadista e ele começa a pensar eleitoralmente, não dá certo", afirmou Lula. Tratamento O presidente comentou as cobranças por um tratamento mais rigoroso com a Bolívia. "Não tem nenhum sentido. Eu sei do que a Bolívia precisa, eu sei da situação do povo boliviano. Então, se eu puder ajudar, eu ajudo", resumiu. O presidente insistiu que tem conversado muito com o presidente boliviano Evo Morales, que não quer negociar pelos jornais e que no caso da Bolívia, "não adianta ficar nervoso". Mais uma vez justificando a atitude de Morales, Lula reconheceu que "nós temos um problema político na Bolívia, nós temos um governo novo, um governo muito heterogêneo, com problema de auto-afirmação interna, que a gente precisa ter paciência no trato com as pessoas". Campanha Lula, que deu as declarações antes de deixar Aracaju, onde esteve em campanha, reiterou que não vai endurecer. "Veja, eu estou em uma campanha. Tudo que poderia acontecer de bom para mim era dar uma de engrossar com a Bolívia. Mas, como eu conheço aquele país, conheço aquele povo, conheço quem está no governo, por que eu haveria de engrossar se eu posso encontrar uma solução negociada? Por que fazer uma bravata interna?", comentou, justificando que, "por esse negócio eleitoral o Bush foi à guerra com o Iraque e o que é que deu aquilo? No que é que resultou? Em nada. E eu não quero isso". Repetindo o tom professoral e paternal em relação à Bolívia, Lula recomendou que "o melhor caminho" para aquele país é atrair capital estrangeiro. "A Bolívia precisa convencer investidores americanos italianos, brasileiros, espanhóis, alemães, a investirem na Bolívia. Mas para que um investidor coloque dinheiro é preciso que haja, primeiro, tranqüilidade política e que haja seriedade jurídica. Sem isso ninguém vai colocar dinheiro lá", comentou Lula, defendendo o respeito aos marcos regulatórios e falando, também de sua preocupação com outros países da região. "Eu tenho preocupação com o Paraguai, com a Bolívia, porque são países mais pobres e menores e que estão participando da comunidade sul americana de nações. Eles sempre estarão sendo os primos pobres do Mercosul e sempre estarão nos trazendo problemas", comentou. Lula observou ainda que é preciso ter também atenção com o Paraguai e as questões do contrabando. O presidente acrescentou ainda que "o Brasil tem de ter esta preocupação como economia mais importante da América do Sul".

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