Crise nos aeroportos começou com acidente da Gol

Desde o acidente no final de setembro, 20 dos 160 controladores de Brasília deixaram temporariamente suas funções para tratamento médico

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os atrasos de vôos nos principais aeroportos do País começaram no dia 27 de outubro quando os controladores de tráfego aéreo do centro de controle de Brasília - o Cindacta 1 - decidiram iniciar um protesto, a chamada operação-padrão, contra a falta de profissionais. Logo depois do acidente da Gol, em 29 de setembro, como é praxe em casos de acidentes, dez controladores de vôo de Brasília entraram em licença médica. Em seguida, outros dez profissionais também pediram a licença. Desde o fim de setembro, 20 dos 160 controladores de Brasília deixaram temporariamente suas funções. Na operação-padrão, os controladores seguem as normas internacionais que determinam que cada operador deve controlar, no máximo, 14 aeronaves simultaneamente. Antes da operação, cada controlador chegava a monitorar até 20 aviões ao mesmo tempo. Com isso, o intervalo entre os pousos e decolagens aumentou, provocando uma seqüência de atrasos e cancelamentos de vôos em terminais aéreos de todo o País. O colapso no tráfego aéreo ocorreu no dia 2 de novembro, feriado de Finados, quando cerca de 600 vôos sofreram atraso. Milhares de passageiros sofreram com esperas de até 20 horas e os prejuízos chegaram até à rede hoteleira. Houve tumulto e quebra-quebra nos aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, principalmente, e as polícias federal e militar foram acionadas para reforçar a segurança. Na ocasião, a Aeronáutica convocou 149 controladores para uma operação de emergência durante o feriado prolongado e a situação se normalizou. Para amenizar a situação, o governo anunciou a contratação de mais controladores de vôo, além de fazer o remanejamento de profissionais de outros centros de controle para Brasília, que precisam passar por treinamento antes de assumirem suas funções. Assim, os atrasos em pousos e decolagens voltaram a ocorrer no último domingo, 12. De acordo com o Sindicato dos Controladores de Vôo, o problema voltou a ocorrer porque dois controladores de Brasília faltaram no trabalho no fim de semana. No domingo, dos 1.567 vôos programados, 670 ou 42,2% sofreram atraso superior a 15 minutos, e 49 foram cancelados, de acordo com a Infraero. Já nesta segunda-feira, 13, entre meia-noite e 19h30, 42,3% dos 1.487 vôos programados partiram com atrasos para seus destinos. Isso significava 629 vôos atrasados. Uma reunião de emergência foi convocada na tarde de segunda no Palácio do Planalto para discutir os problemas dos atrasos nos vôos. O encontro, porém, terminou sem a divulgação de medidas concretas para combater os problemas. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, distribuiu apenas uma nota determinando que todos os participantes do encontro "adotem todas as medidas necessárias para sanar no menor espaço de tempo possível o problema dos atrasos nos horários dos vôos dos aeroportos brasileiros". Durante todo a segunda, não foram apresentadas justificativas plausíveis para os atrasos. Depois de negar que houvesse demora nas decolagens, no início da noite, a Aeronáutica admitiu que ocorreram problemas meteorológicos em Salvador, pela manhã, e, no Rio, à tarde, que poderiam ter atrasado os vôos. Mas, descartou que os problemas teriam sido gerados pela falta de controladores de vôos.

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