Crise surgiu a partir da 2ª metade do século

Conservatório foi ponto de referência cultural de São Paulo; entre alunos ilustres estava Mário de Andrade

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Por Redação
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Embora a desapropriação tenha sido o golpe final, a situação do Conservatório já vem se deteriorando desde a segunda metade do século passado. Alguns diretores atribuem a queda estrutural e de prestígio ao período em que a instituição esteve sob controle do Estado - entre 1941 e 1976. "Começou durante a ditadura de Getúlio Vargas, porque aqui tinha muito italiano. Então recebemos uma intervenção durante 2ª Guerra Mundial", afirma o diretor da instituição, Júlio Navega Neto. O Conservatório foi fundado em 1906 para atender a demanda da sociedade paulistana por cultura. A primeira sede foi na Rua Brigadeiro Tobias, na antiga casa da Marquesa de Santos, na região da Luz. Como o número de alunos cresceu rapidamente, a instituição se mudou para o prédio da Avenida São João, onde ficou a maior parte de sua história, também na região central. A entrada por essa rua se transformou em ponto de encontro da elite paulistana que vinha para os concertos. As aulas também eram dadas principalmente para os filhos da classe nobre, mas o espaço virou um centro que reunia grandes músicos, como Dinorá Carvalho, Francisco Mignone e os maestros Gomes Cardim e Camargo Guarnieri. O mais ilustre foi o escritor e músico Mário de Andrade. Ele começou como aluno, formou-se em piano e regência e depois se tornou professor do Conservatório. A sua forte ligação com a instituição fez com que ele levasse para ali alguns eventos da Semana de Arte Moderna de 1922, que teve como principal palco o Teatro Municipal. Infiltrações e rachaduras provocaram, nos anos 1980, o fechamento de uma parte do auditório e da entrada pela Avenida São João. A instituição passou então a funcionar em um prédio anexo, com entrada pela Rua Conselheiro Crispiniano, de onde precisou sair em junho do ano passado.

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