Críticas de petistas incomodam PMDB

Ataques a sigla aliada feitos em congresso do PT ameaçam acordos eleitorais em 2012

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Por Christiane Samarco e BRASÍLIA
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Os ataques de petistas ao PMDB e seus dirigentes durante o Congresso do PT, realizado no fim de semana em Brasília, não surpreenderam a cúpula peemedebista, mas incomodaram o conjunto da legenda. "Logicamente, irrita. Ninguém gosta de ouvir manifestações de desprezo", disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). Não bastassem as críticas dirigidas ao vice-presidente Michel Temer e ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), petistas de mais de uma corrente, como a Mensagem ao Partido, do governador gaúcho Tarso Genro (PT), propuseram a exclusão do PMDB dos palanques do PT nas eleições municipais do ano que vem."É incompreensível que manifestações como esta ainda ocorram, depois de tanto tempo de uma aliança que ajudou o PT a crescer no País, a ponto de eleger uma presidente jamais testada nas urnas", afirmou o deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), referindo-se à união em torno da presidente Dilma Rousseff, celebrada para a disputa eleitoral no ano passado. Diante do desconforto, Vieira Lima reafirma a confiança na presidente, mas admite: "Mesmo sabendo que isso veio de correntes minoritárias do PT, não posso negar que causa mal-estar muito grande no PMDB e que o incômodo vai se acumulando". Talvez para evitar esse "mal-estar", Temer tenha preferido comparecer ao concerto comemorativo dos 80 anos do deputado Paulo Maluf, em São Paulo, a aceitar o convite para prestigiar o Congresso do PT. Porém, fiel ao estilo conciliador, o vice diz apenas que "essas manifestações mais radicais são facilmente superadas pela forte relação que os dois partidos consolidaram ao longo da aliança". No mesmo tom do vice, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) pondera que essas manifestações mostram a pluralidade de opiniões no partido aliado, da mesma forma que um congresso peemedebistas também reuniria os grupos mais radicais de esquerda. "Se você deixar o PMDB se manifestar em uma plenária ampla como a petista, também vai encontrar de tudo. Mas isso não significa que as posições mais extremadas representam a cúpula ou a média do pensamento do partido", diz Braga. Insatisfações à parte, o senador e ex-governador do Amazonas destaca que tanto o PT como a presidente Dilma Rousseff sabem que o PMDB é "extremamente estratégico para a estabilidade do País". Ele lembra que, seja no Senado ou na Câmara, a cada dia que passa o PMDB tem se mostrado mais essencial à governabilidade. "E a presidente reconhece isso, ao ponto de cada vez mais estar trazendo o Michel Temer para o centro das negociações políticas", observa Braga, ao lembrar que o cenário antes da aliança institucional entre as duas legendas era o da "pulverização de um varejo que acabou desaguando no mensalão". E isto, encerra o senador, a sigla não quer repetir.O grande desafio do PMDB, porém, será negociar com os petistas e com o Planalto um tratado de convivência eleitoral para 2012 em locais onde os dois partidos serão adversários com chances de vitória nas urnas.IncômodoLÚCIO VIEIRA LIMADEPUTADO (PMDB-BA)"Mesmo sabendo que isto (ataques de petistas ao PMDB) veio de correntes minoritárias, não posso negar que causa mal-estar muito grande no PMDB, e que o incômodo vai se acumulando"

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