Cunhado de ministro do STJ é preso em operação da PF

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Por Carmen Pompeu
Atualização:

Uma operação da Polícia Federal prendeu na quinta-feira Armando Campos, cunhado do ministro Cesar Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele é suspeito de envolvimento num esquema de fraudes e sonegação fiscal superior a R$ 50 milhões em Fortaleza. O processo, que corre em segredo de Justiça na 11.ª Vara Federal no Ceará, prendeu provisoriamente nove pessoas, sendo sete no Ceará, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro.A prisão constrange Asfor Rocha, em campanha por uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Pessoas próximas ao ministro minimizaram ontem a relação pessoal entre ele e o cunhado, afirmando que eles não tem bom convívio.Os acusados responderão por formação de quadrilha, crimes contra a ordem pública, contra o Sistema Financeiro Nacional, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. A investigação, iniciada há dois anos, teve como base um relatório da Receita que desconfiou do montante movimentado pela Federação Cearense de Automobilismo (FCA) e do envio de R$ 15 milhões em remessas ao exterior.Segundo o superintendente da PF no Ceará, delegado Aldair da Rocha, "o esquema criminoso funcionava através de algumas empresas, a maioria delas do Ceará, uma de São Paulo e outra do Rio de Janeiro, que repassavam valores como patrocínios fictícios". "Uma movimentação que nós calculamos em cerca de 50 milhões de reais", disse. Segundo o superintendente, "esse dinheiro retornava para as empresas, provavelmente para formação de uma caixa 2 e ficando apenas cerca de 1% a 3% com a federação". "Este caixa 2 é um dinheiro sem controle e que geralmente é usado para os mais diversos ilícitos", acrescentou.Peritos da PF e da Secretaria da Receita no Ceará analisam os documentos e computadores apreendidos na FCA durante a Operação Podium. Há suspeita de sonegação superior a R$ 50 milhões que teriam entrado nos cofres da FCA de 2005 a 2008 . Defesa. O advogado Hélio Leitão, que defende o presidente da FCA, Haroldo Scipião Borges, disse que a movimentação financeira foi legal. Ele pediu a revogação da prisão de seu cliente, mas até ontem o juiz Ricardo Ribeiro não tinha se manifestado. Também foi pedido o relaxamento da prisão temporária do piloto Hibernon Cisne e dos representantes de duas das sete empresas envolvidas (Marquise e Newland). Ainda não houve despacho."Meu cliente disse para a PF que toda transação foi legal. O dinheiro entrava na conta da federação e era encaminhado para os pilotos em cheques nominais. Tudo às claras. Se daí por diante, no momento que o piloto recebe o valor havia distorção, isso nem é responsabilidade da federação." O advogado reclamou por não ter acesso ao processo.

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