Curso intensivo em Serrismo

Presidenciável tucano recomenda quatro livros para o vice, dos quais três de sua própria autoria

PUBLICIDADE

Por Christiane Samarco
Atualização:

BRASÍLIABastaram seis dias para que o deputado Antonio Pedro de Siqueira Índio da Costa (DEM-RJ), 39 anos, ex-baterista de banda de rock e ex-secretário de Administração da Prefeitura do Rio, trocasse o semblante leve e descansado de "menino do Rio" por um ar abatido e duas olheiras negras e profundas. Culpa do professor José Serra.Assim que a plateia de convencionais do DEM interrompeu os aplausos ao recém-escolhido candidato a vice-presidente, na quarta-feira da semana passada, Serra abordou o companheiro de chapa com uma afirmação e uma pergunta. "Vou fazer de você o homem público mais preparado do País", disse. "Não precisa de mais nada", respondeu Índio, animado e sorridente. A pergunta veio em seguida, para repassar ao pupilo a primeira tarefa.- Você já leu os livros Ampliando o Possível, Orçamento no Brasil, Reforma Política no Brasil, Sonhador que Faz? A resposta foi curta: Não. "Pois, leia", emendou o professor. Índio estava decidido a fazer o dever de casa, mas não teve tempo de ir à livraria para ao menos conferir a autoria das obras. Todas, exceto o Sonhador que Faz são do próprio Serra. A exceção foi escrita pelo jornalista Teodomiro Braga, mas é um livro-entrevista em que o personagem é? José Serra, naturalmente. Na manhã seguinte, a caminho da sabatina na Confederação Nacional da Agricultura, Serra surpreendeu Índio assim que entrou no carro, entregando-lhe os quatro livros. No sábado, quando desembarcou em São Paulo para a primeira reunião com o presidenciável e o comando da campanha, veio a pergunta: "Você está lendo? Está indo bem?" E mal o pupilo respondeu, a assessoria do tucano repassou-lhe uma pilha de papel com todos os discursos de Serra ao longo dos últimos 12 meses. Nos três dias que passou em São Paulo, Índio foi dormir às 5 da manhã, depois de intermináveis reuniões, e levantou-se por volta de 7h30.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.