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Curvas substituem magreza nas passarelas da África do Sul

Em continente onde fome atinge milhares de pessoas, magreza pode ser indigesta

Por Agencia Estado
Atualização:

Num continente onde a fome atinge regularmente milhares de pessoas, a presença de modelos supermagras nas passarelas pode ser um tanto indigesta. É por isso que a indústria da moda da África do Sul está se unindo à ação global contra o excesso de magreza das modelos, trocando as meninas "sequinhas" por curvas sensuais e pelo bumbum arrebitado das africanas na semana da moda que aconteceu este mês. "Acho que as meninas aqui são mais atléticas", disse Paul Jackson, executivo-chefe da Leisureworx, que organizou a primeira semana da moda de outono/inverno da África, que acabou no domingo. A London Fashion Week, na semana passada, foi dominada pelo debate sobre o corpo das modelos. Em Londres, os organizadores decidiram não proibir a presença das supermagras nas passarelas, mas fizeram um apelo aos estilistas para que usem apenas modelos saudáveis. O movimento mundial contra a magreza excessiva, que já era atuante na Europa, ganhou ainda mais força com a morte da modelo brasileira Ana Carolina Reston, no ano passado, em decorrência da anorexia. Segundo Jackson, os sul-africanos não pretendiam permitir que as modelos magérrimas desfilassem, mas não precisaram barrar ninguém, já que os estilistas locais naturalmente optaram por um visual mais arredondado. Outro motivo para que a aparência supermagra não tenha tanto sucesso entre as negras é a enorme prevalência da Aids no continente e o estigma ligado à doença. Por isso, as mulheres se esforçam para ter um visual saudável e bem nutrido. Mas também é uma questão de orgulho de ser africana. "Nós, negras sul-africanas que crescemos sob o apartheid, sabemos que nunca teremos cabelo liso, sabemos que nunca seremos tão magras quanto algumas dessas garotas brancas, e estamos felizes assim", disse Busi Dlamini, de 27 anos, que vestia um sarongue queniano com acessórios vermelhos.

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