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CUT reúne 150 mil em atos pulverizados

Por Agencia Estado
Atualização:

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), que este ano optou por pulverizar os atos públicos na Grande São Paulo, estima ter reunido mais de 150 mil pessoas em dez showmícios, que misturaram apresentações de artistas com discursos políticos. O pré-candidato do Partidos dos Trabalhadores (PT) à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participou de três dos dez eventos, que foram realizados na periferia da capital e em Santo André, Osasco e Guarulhos. "Nossa avaliação é positiva. A CUT inovou ao trazer a comemoração do Dia do Trabalhador para a periferia, já que muitos estão desempregados e não têm dinheiro para participar dos atos no centro", afirmou João Felicio, presidente da central. " Nosso público é autêntico. Queria nos ouvir, e não ganhar prêmios". O que deu tom às manifestações da CUT foram as críticas ao desemprego, à proposta de flexibilização a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e à política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso. Em um manifesto divulgado nos atos, a central sindical faz um balanço crítico da gestão FHC, acusando o presidente de praticar "uma política econômica recessiva, que causa desemprego, miséria e violência". Platéia jovem - Em Campo Limpo, na Zona Sul da capital, Lula discursou para uma platéia predominantemente jovem, estimada em até 10 mil pessoas pela Administração Regional ou em 3 mil pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Acompanhado do presidente nacional do PT, José Dirceu, e pelo candidato do partido ao governo do Estado, José Genoíno, Lula lembrou a origem do 1.º de Maio, há 116 anos, quando trabalhadores de Chicago, nos EUA, foram duramente reprimidos numa greve que reivindicava a redução da jornada de trabalho de 12 para 8 horas diárias. "Os tempos são outros. Estamos lutando não porque trabalhamos demais, e sim porque não há emprego para todos neste País." O discurso de Lula ocorreu entre as apresentações de forró do Trio Virgulino e o reggae da Tribo de Jah. No meio da platéia jovem, o metalúrgico desempregado Mário Lúcio Rolim, de 52 anos, carregava uma placa reivindicando trabalho. Sem emprego há dois anos, ele conta que vive de "bicos", como servente de pedreiro, ganhando R$ 15 por dia. "Não estou pedindo emprego só para mim, mas para os mais de 1,8 milhão de desempregados da Grande São Paulo", disse, referindo-se aos dados divulgados pelo Dieese. A pulverização das manifestações frustrou a expectativa de público em alguns locais, o que obrigou a comitiva de Lula a alterar a programação inicial, deixando de comparecer ao ato de Itaquera para participar da manifestação de São Miguel Paulista, também na Zona Leste. A ausência do presidenciável do PT não desanimou as cerca de 5 mil pessoas que se aglomeraram diante do palco montado pela CUT para assistir à programação de shows, que incluiu o grupo de pagode Soweto e a cantora Eliana de Lima. "Sou eleitor do Lula e achei uma pena ele não vir. O povo precisa comemorar o feriado mas também tem de pedir mais emprego e falar de política", protestou o office-boy Itamar Mouran, que foi ao evento com a mulher e as duas filhas. Depois de participar do ato em Santo André, Lula foi para o Rio de Janeiro, onde, entre outros compromissos, participaria de um jantar com artistas.

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