D. Odilo Scherer diz que manifestantes usam Jornada para aparecer

Segundo o arcebispo de São Paulo, protestos não são contra o papa Francisco ou a Igreja Católica

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Por Wilson Tosta
Atualização:

RIO - Ao comentar os recentes protestos no Rio de Janeiro, o cardeal arcebispo de São Paulo, D. Odilo Scherer, afirmou na tarde desta terça-feira, 23, que os manifestantes talvez estejam tentando se aproveitar da visibilidade da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) para também aparecer. Em entrevista coletiva no Centro de Mídia da Jornada, em Copacabana, na zona sul do Rio, o religioso afirmou ainda que as manifestações de rua não são contra a Igreja, o papa Francisco ou a JMJ, mas ligam-se a questões locais.

Os manifestantes têm pedido o impeachment do governador Sérgio Cabral Filho, do PMDB, o que não foi citado pelo arcebispo. D. Odilo também condenou os episódios de violência ocorridos nas passeatas (marcadas por conflitos entre PM e ativistas) e defendeu os gastos públicos com o evento religioso – segundo ele, benéficos para a economia. As despesas com o evento têm sido bastante criticadas, já que a Constituição estabelece que o Estado brasileiro é laico, ou seja, sem religião. “Acho que nosso foco deveria ficar mais na Jornada Mundial da Juventude do que em acontecimentos próprios de quem, quem sabe, quer se aproveitar do momento de visibilidade”, declarou. “Esses protestos estão voltados contra realidades políticas muito próprias do Rio de Janeiro e já estão acontecendo há muito tempo. A Igreja os vê com tranquilidade, dentro do regime democrático. Claro que a violência não é aprovável e não deveria fazer parte de manifestações. Não creio que sejam voltadas contra a Igreja, o Papa ou a Jornada Mundial da Juventude.” O religioso afirmou que cabe ao poder público zelar pela ordem e pela organização, mas afirmou que os gastos também geram também recursos. “Esse dinheiro não é levado embora. Circula pelo Rio de Janeiro, circula pelo Brasil todo”, afirmou.

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