
30 de outubro de 2010 | 00h00
O desinteresse do eleitorado se deve também à postura dos candidatos: preocupados com as repercussões de suas declarações nas pesquisas e seguindo as orientações de assessores, os concorrentes buscam fugir da polêmica e transformam o debate em continuação do horário eleitoral gratuito.
A audiência de 1989 foi conquistada não só pela atuação menos engessada dos candidatos como também pelo ineditismo da televisão como espaço de embate político. Era a primeira vez que o brasileiro assistia a um debate de presidenciáveis televisionado. Antes da redemocratização do País, a TV Tupi em São Paulo tentou, em 1960, fazer um debate dentro do programa Pinga Fogo. O convite foi aceito pelos candidatos Ademar de Barros e o marechal Henrique Teixeira Lott, mas Jânio Quadros negou-se a participar, preferindo fazer um comício no Recife.
Durante a ditadura militar, os debates desapareceram e era permitido que a TV divulgasse apenas o currículo, a fotografia e o número do candidato.
Apesar da grande audiência na década de 1990, Fernando Henrique Cardoso não compareceu a nenhum dos debates e conseguiu se eleger nas eleições de 1994 e 1998. Porém, o brasileiro costuma punir os candidatos que fogem dos debates: em 2006, Lula - com maioria- só foi para o segundo turno contra Geraldo Alckmin porque não compareceu ao último debate. No segundo turno, Lula não arriscou: foi em quatro dos cinco debates agendados e venceu a eleição com 60,8% dos votos válidos.
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