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Decretada prisão de suspeitos de assassinar promotor

Por Agencia Estado
Atualização:

A Justiça mineira expediu mandados de busca e apreensão e também de prisão temporária de várias pessoas suspeitas de envolvimento no assassinato do promotor Francisco José Lins do Rego Santos, atingido por pelo menos 12 disparos de revólver, no último dia 24, na zona sul de Belo Horizonte, quando seguia de carro para o trabalho. O juiz do II Tribunal do Juri da capital mineira, Edison Feital Leite, autor dos mandados, determinou, no entanto, que os nomes dos suspeitos, supostamente ligados à chamada "máfia dos combustíveis" - organização acusada de fraudar combustíveis e sonegar impostos que vinha sendo investigada pelo promotor -, fossem mantidos em sigilo. Paralelamente à expedição dos mandados, a Câmara Especial de Férias do Tribunal de Justiça (TJ) de Minas cassou, no início da tarde desta quinta-feira, liminar que concedia habeas-corpus a oito pessoas suspeitas de participação na mesma máfia. Os pedidos foram feitos por Lins do Rego Santos e por outros promotores incumbidos do caso, no final do ano passado. Advogados dos acusados, porém, haviam conseguido do relator do processo no TJ, Tibagy Sales, liminar impedindo a execução das ordens de prisão. Na reunião, da qual participaram o próprio Tibagy e outros dois juízes, a Câmara de Férias do tribunal invalidou a liminar. Um dos advogados, Rogério Urbano, informou que na segunda-feira deverá recorrer da decisão do TJ no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília. Até o final da tarde, apenas um dos oito suspeitos, o detetive de Polícia Civil José Aurélio Cordeiro Tupynambá, havia se apresentado às autoridades. Segurança de uma empresa de comercialização e distribuição de combustíveis - a Lunardi, pertencente ao empresário Carlos Alberto Lunardi, também com prisão preventiva decretada -, Tupynambá compareceu à Delegacia de Contagem, região metropolitana, e negou a existência da máfia. Garantiu ainda que sequer ouvira falar de Lins do Rego Santos. Juiz O procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Nedens Ulisses Oliveira, confirmou nesta quinta-feira que entre as Políciais Civil, Militar e Federal e o Ministério Público - membros da "força-tarefa" montada para investigar a morte do promotor - não têm dúvidas de que Lins do Rego Santos foi assassinado em razão de seu trabalho. Além da máfia dos combustíveis, o promotor atuava ou havia atuado, entre outros, em casos de cartel de postos de gasolina, falsificação de medicamentos, fraudes em consórcios e na investigação sobre a suposta fuga facilitada do traficante, Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar de uma delegacia da capital, em 1997. Oliveira informou ainda que, entre os supostos envolvidos no crime, como executores ou mandantes, podem estar policiais civis e até o juiz aposentado Demerval Vidal. Em dezembro, Vidal, alvo de investigações da Corregedoria de Jusiça de Minas, liberou caminhões-tanque e combustíveis apreendidos pelo MP em dezembro, na operação contra a chamada máfia dos combustíveis, em Belo Horizonte, o que despertou suspeitas de corrupção. A Assembléia Legislativa de Minas anunciou nesta quinta-feira que deve instalar, em no máximo três meses, uma Comissão Parlamentar de Inquérito de caráter permanente para investigar o chamado crime organizado no Estado. Suspeito O servente de pedreito João Evengelista Carnaval, de 29 anos, preso como suspeito pela morte do promotor na quarta-feira, por policiais militares, em uma favela da zona sul da capital, pode não ter qualquer relação com o crime. Foragido de uma penitenciária mineira onde cumpria 22 anos por assalto e homicídio, Carnaval foi detido com dois comparsas, acusados de tráfico. A PM constatou grande semelhança entre ele e o retrato falado feito por uma testemunha do crime do promotor. Nesta quinta-feira à tarde, no entanto, uma nova testemunha do assassinato, cujo nome não foi informado, garantiu à Polícia Civil que os dois assassinos de Lins do Rego Santos, que estavam de moto e pararam em um semáforo ao lado do carro da vítima, de onde o carona efetuou os disparos, estavam de capacete, o que invalidaria o retrato falado. Eles teriam fugido sem que seus rostos fossem vistos. Às 19h desta quinta-feira, amigos e parentes realizam a missa de 7º dia do promotor na Igreja da Boa Viagem, centro da capital. O Procurador-Geral da República, Geraldo Brindeiro, era esperado.

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