Defesa Civil estima mais de 100 mortes

Chuva diminui em SC, mas aumenta risco de deslizamentos; proliferação de doenças já preocupa o governo

PUBLICIDADE

Por Júlio Castro
Atualização:

A Defesa Civil de Santa Catarina estima em mais de cem os mortos em decorrência das chuvas no Estado. Até as 23 horas de ontem, foram contabilizados 84 óbitos e 36 pessoas estavam desaparecidas. Vinte das vítimas fatais são de Blumenau. Pelo balanço oficial, cerca de 60 mil pessoas estão desalojadas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve seguir amanhã para as áreas atingidas. Em 48 horas, sete municípios decretaram estado de calamidade pública: Blumenau, Ilhota, Gaspar, Rio dos Cedros, Nova Trento, Camboriú e Benedito Novo. Outros sete estão em situação de emergência (Balneário Piçarras, Canelinha, Indaial, Penha, Paulo Lopes, Presidente Getúlio e Rancho Queimado). Na região do Vale do Rio Itajaí-Açu, a mais atingida, a chuva diminuiu e o nível dos rios parou de subir. O resgate das vítimas foi acelerado, contando com 15 helicópteros. Outros quatro estão lotados no município de Ilhota, onde pelo menos 15 pessoas morreram. O Morro do Baú foi a localidade mais atingida pelos deslizamentos. Cerca de 80 casas foram destruídas. Quatro rodovias federais e nove estaduais continuam interditadas. A situação mais crítica era a do km 235 da BR-101, no município de Palhoça, na Grande Florianópolis, cujas pistas devem ser liberadas apenas no sábado. Em Itajaí, houve registros de saques a casas e supermercados. "Imagina um tsunami, que normalmente é de água. Aqui passou um tsunami de uma mistura de lodo, terra, entulho, árvores, restos de casas", disse uma moradora. IPT O Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) está enviando para a região um grupo de pesquisadores especialistas em solo para colaborar com a Defesa Civil na avaliação e na prevenção dos deslizamentos de terra. Com a diminuição da chuva, aumenta o risco de soterramentos, por causa da grande quantidade de água que se infiltrou no solo e nas encostas. Um engenheiro da empresa que fornece energia para a região de Blumenau chegou a afirmar, enquanto trabalhadores tentavam erguer postes para o restabelecimento de energia em 50% da cidade, que o trabalho não evolui. "A terra não segura. Os postes não conseguem ficar de pé. É como se a gente estivesse fixando postes em gelatina", comentou. Outra grande preocupação reside na proliferação de doenças. Técnicos especializados na prevenção de várias doenças, incluindo leptospirose, estão sendo convocados de vários Estados. A Secretaria de Saúde de Santa Catarina também começou a trabalhar numa campanha de prevenção. Serão acionados helicópteros - cujos tripulantes usarão megafones, para atingir moradores de cidades que estão sem energia.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.