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Defesa Civil subestima número de desaparecidos: já seriam mais de 80

Dez dias após o início da enchente, número oficial é de 31, mas prefeituras contabilizam muito mais

Por Vitor Hugo Brandalise e Júlio Castro
Atualização:

O número de pessoas desaparecidas após as enchentes que atingiram o Vale do Rio Itajaí-Açu e do litoral norte catarinense é quase o triplo do levantamento oficial da Defesa Civil de Santa Catarina. Pelo menos 84 pessoas estão desaparecidas apenas em seis municípios atingidos pelas cheias, segundo informações obtidas ontem com prefeituras, comandos do Corpo de Bombeiros e equipes da Defesa Civil Municipal. Nas estatísticas oficiais, o número de desaparecidos subiu ontem de 19 para 31 - com 12 registros de Ilhota. Mais informações O Centro de Operações da Defesa Civil de Santa Catarina diz que há dificuldades para centralizar informações e admite que esse número deve aumentar. "O número de desaparecidos deve ser ainda maior. Em Ilhota, Luiz Alves, Blumenau e Itajaí, especialmente na zona rural, há diversos pontos inacessíveis para resgate", assume o chefe do Centro de Operações da Defesa Civil do Estado, Edemilson Irineu Corrêa."Pode levar semanas para sabermos exatamente quantos são os desaparecidos - ou para encontrá-los. E ainda não estamos na fase de vasculhar locais soterrados, mas de prestar socorro a vítimas e assistência nos abrigos." Após questionamento do Estado sobre os desaparecidos, a Defesa Civil de Santa Catarina enviou solicitação ontem à Delegacia-Geral de Polícia Civil para que o órgão ficasse responsável pelo levantamento do número de desaparecidos na enchente em Santa Catarina. "É a maneira mais produtiva, transparente e objetiva de tratar do assunto", diz Corrêa. Dos 116 mortos na tragédia até o momento, só 22 constavam oficialmente ontem como não-identificados - há ainda 78.707 flagelados. Os 31 desaparecidos apontados nas estimativas oficiais foram registrados em Ilhota, Blumenau e Gaspar. O Estado apurou, porém, que há desaparecidos em ao menos outros três municípios - Itajaí, Luiz Alves e Timbó. Em Ilhota - cidade onde foram registradas mais mortes desde o início das enchentes -, ao menos 30 pessoas sumiram, todas moradoras do Morro do Baú. Dessas, segundo o Corpo de Bombeiros local, 14 provavelmente estão mortas e ainda não entraram nas estatísticas oficiais. "São pessoas que vizinhos ou familiares resgatados viram ser soterradas. Quanto às outras 16, ainda não temos notícia. Podem até estar em abrigos", diz o comandante Paulo Batista. "Como as pessoas foram levadas para abrigos de três cidades, Blumenau, Gaspar e Ilhota, não conseguimos cruzar as informações." Em Gaspar, foram registrados nove desaparecimentos. "Mas ainda há pelo menos três localidades que não conseguimos atingir, onde pode haver mais vítimas", observa o diretor de Defesa Civil da cidade, Luiz Mario da Silva. Em Itajaí, estão desaparecidas 36 pessoas, mas não houve comunicação entre a equipe local da Defesa Civil e o departamento estadual. "Não era a prioridade (a notificação), mas a característica aqui é diferente. Temos alagamento, mas não deslizamentos de terra. Provavelmente está havendo dificuldade de comunicação entre familiares e pessoas supostamente desaparecidas", afirma José Roberto Severino, da Defesa Civil Municipal. Em Blumenau, a Defesa Civil contabiliza seis pessoas desaparecidas, mas, segundo a unidade local da corporação, provavelmente elas já foram encontradas. Em Timbó, são duas pessoas e em Luiz Alves, uma - os três, segundo a Defesa Civil, estão mortas.

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