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Defesa usará fita em que Belo sofre tentativa de extorsão

Por Agencia Estado
Atualização:

A divulgação, no início da tarde de hoje, de uma fita gravada com uma conversa entre o cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, e seu ex-advogado Sílvio Guerra, mostra que o pagodeiro ? acusado de associação com o tráfico de drogas ? estava sendo alvo de tentativa de extorsão pelo ex-advogado. Guerra, que exigia R$ 300 mil para livrar o cantor do indiciamento criminal, corre o risco de perder o registro profissional junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que abrirá inquérito para apurar o caso. Segundo o advogado Alberto Louvera, o cantor tem outra fita gravada com nova tentativa de extorsão. Belo, que teve prisão preventiva decretada quarta-feira, está foragido. Em entrevista à TV, Sílvio Guerra assumiu ter mantido o diálogo com Belo. Na fita, o advogado diz que o dinheiro seria dividido entre o ex-chefe de Polícia Civil Álvaro Lins e pelo titular da Delegacia de Repressão a Ações Criminosas (Draco), Ricardo Hallack, responsável pela investigação de Belo. Guerra disse ter inventado a história e ter usado indevidamente o nome dos policiais para assegurar o pagamento de seus honorários, de R$ 100 mil. ?Eu estava advogando para ele sem receber um tostão?, alegou. Álvaro Lins disse que entrará hoje com pedido de inquérito policial contra Silvio Guerra por tráfico de influêmcia, crime sujeito a pena de dois a cinco anos de prisão. ?Saí (do cargo) dia 6 de abril e isso (a gravação) foi 6 de maio. Fiquei revoltado, indignado. Nunca esperava que ele (Guerra) usasse meu nome para extorquir o Belo?, diz Lins, que entrará com processo para indenização por danos morais. O delegado Hallack disse que prenderia Guerra em flagrante se tivesse recebido proposta de suborno. Em nota divulgada hoje, o chefe de Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, informou que a Corregedoria de Polícia vai intimar o advogado a depor sobre o caso. Na fita dilvugada hoje, com duração de 25 minutos e gravada dia 6 de maio ? véspera do depoimento do pagodeiro à polícia ? Guerra garante que daria um jeito de livrar Belo do indiciamento, com a interferência do ex-chefe da Polícia Civil do governo Anthony Garotinho. Em vários momento, o advogado pressiona Belo, dizendo que ele não poderia seguir com o plano sem apresentar um ?sinal? convincente. ?Meu dinheiro fica para depois. Mas não posso segurar as outras pessoas?, diz o advogado. Sempre advertindo o cantor para não falar o nome das pessoas envolvidas, Guerra insiste que não estava lidando com ?cachorrinhos, mas com cachorrões?. Belo chega a dizer, na gravação que, diante da urgência do pagamento, só poderia levantar R$ 20 mil. ?Com esse dinheiro fico até sem graça. Não posso negociar apresentando uma mixaria?, rebate Guerra, sugerindo que Belo vendesse um de seus carros. Belo diz que venderia seu Audi, que vale R$ 110 mil. Guerra, então, se oferece para vender o carro a um cliente, chamado Maninho ? e ressalta não ser a mesma pessoa ligada ao jogo do bicho ? que compra e vende carros importados. Depois de resistência de ambas as partes, Belo aceita a oferta de Guerra, mas revela a preocupação em ter que comparecer outras vezes à delegacia. ?Te prometo que nunca mais voltará. É só você não fazer besteira outra vez, como ficar falando ao telefone com amigos indevidos?, garante Guerra. O advogado ameaça Belo dizendo que se ele falasse alguma coisa para polícia, ele (Guerra) justificaria todo o dinheiro dizendo que recebeu a título de honorários. Guerra assegura que Belo voltaria à sua vida normal. Bastava pagar a propina, seguir à risca suas instruções para o depoimento, em que alegaria inocência. Com a propina, garante o advogado, seria arranjado um ?robô? ( no jargão da polícia, pessoa que assume a culpa de um crime no lugar de outra) para ser apresentado como o dono da voz gravada pela polícia numa conversa telefônica com o traficante Valdir Ferreira, o Vado, do Jacarezinho. Com este flagrante foi aberto o inquérito contra Belo, já que a perícia comprovou ser do cantor a voz gravada. Em vários momentos da conversa, Silvio Guerra afirma que o atual chefe da Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, não tem nada a ver com o esquema. Em entrevista, em seu sítio, em Itaboraí (região metropolitana), Louvera disse que as fitas serão usadas como peça de defesa de seu cliente. Ele confirmou que o cantor vendeu um Audi por R$ 110 mil, mas não saberia afirmar se o dinheiro fora dado a Guerra. Louvera disse que a gravação foi feita por ?uma pessoa muito próxima de Belo?. Segundo ele, a fita só foi revelada agora porque tentou ser ouvido, no sábado, pelo desembargador de plantão no Tribunal de Justiça, e não conseguiu. Benedita O advogado de Belo negou que o cantor tenha exigido a presença da governadora Benedita da Silva (PT) e do presidente da Assembléia Legislativa do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB) para se apresentar à polícia, como chegou a ser divulgado. Confirmou, porém, ter procurado Benedita para informar ?o que realmente estava acontecendo e o quanto o fato coloca seu governo em risco?. Quanto à notícia de que o criminalista Michel Assef assumiria o caso Belo, Louvera disse que o advogado teria sido uma imposição da polícia para tentar impedir a divulgação da fita. ?Esse cara é louco!?, reagiu Assef, que até hoje à noite ainda não havia aceitado o caso. Uma das exigências de Assef é que Belo se entregue imediatamente à polícia. Leia os principais trechos da conversa

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