Delegada descarta hipótese de estudante ter-se matado

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Por Agencia Estado
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Tortura, homicídio e omissão de socorro. Essa é a principal linha de investigação da Corregedoria de Polícia para esclarecer a morte do estudante Rômulo Batista de Melo, 21 anos, que morreu seis dias depois de ter s ido preso em Cabo Frio. Durante depoimento na audiência pública realizada pela comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Alerj, segundo informa a Agência Brasil, a delegada Tatiana Vieira Maciel Cardoso Losch, da Corregedoria, afirmou que a versão de autolesão, levantada pelo delegado José Mário Omena, exonera do após o crime, não está descartada, mas que as chances do estudante ter provocado a própria morte são remotas. A delegada afirmou que o depoimento do preso Paulo César, que estava sendo transferido junto com o estudante no mesmo camburão, nada acrescentou às investigações, ao contrário do depoimento de uma presa, cuja identidade não revelou, para não prejudicar a s investigações, que deverão estar concluídas em 30 dias. "Estamos reunindo todas as provas para esclarecer o que aconteceu. Temos que analisar as lesões para saber o que provocou a morte. Uma coisa é certa, houve omissão de socorro", disse. Segundo o presidente da Comissão, deputado Alessandro Molon (PT), duas hipóteses serão analisadas: a de Rômulo ter sido agredido por presos e a de agressão por policiais. De qualquer forma, porém, de acordo com Molon, "os policiais têm responsabilidade n o caso, seja pelo homicídio ou por conivência". Molon disse que a comissão exigirá rigor na apuração dos fatos e que vai pressionar as autoridadess, não só para punir quem for responsável pelo homicídio, mas também os responsáveis por todas as irregularidades ocorridas no caso. O advogado da família, Jayme Figueiro, alegou que o estudante estava sendo dopado indevidamente. Ele disse ainda que, ao procurar o Ministério Público de Cabo Frio para informar o ocorrido, não foi atendido pois todos estavam envolvidos com a Cabofolia, evento realizado na semana da prisão de Rômulo. Figueiro foi o último a ter contato com o rapaz, que saiu de Cabo Frio por volta de 11h e, aproximadamente às 15h, deu entrada no Hospital Municipal Conde Modesto Leal, em Maricá, com traumatismo craniano. A mãe da vítima, Márcia Mello, que esteve com o estudante na delegacia de Cabo Frio, afirmou que havia alguns arranhões no corpo de Rômulo e um corte na cabeça que não parava de sangrar. Segundo ela, ao ser questionado pelo corte, Rômulo afirmou ter caíd o ao tomar banho. Ela garante que o filho estava lúcido, porém com muito medo e se sentia pressionado. "Ele me pediu para que o tirasse dali, pois se passasse mais uma noite lá morreria", contou. O delegado afastado de Cabo Frio, José Mário Omena, não co mpareceu à audiência pública e não justificou a ausência. Na próxima quinta-feira, chegará ao Rio uma comissão formada por representantes do Governo Federal para acompanhar o caso.

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