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Delegado da PF foi morto por cozinheiro e primos, diz travesti

Por Agencia Estado
Atualização:

O travesti Francisco Fontenele, de 25 anos, declarou em depoimento ao 4º Tribunal do Júri, no Rio, que o policial federal Gustavo Frederico Meyer Moreira estava bêbado quando conversava em um canto escuro com outro travesti e afrontou os três homens que, após uma briga, o mataram, na madrugada de 7 de setembro último. O agente estava de serviço e havia saído para lanchar, no Centro do Rio. O cozinheiro Antônio Gonçalves de Abreu, um dos acusados do crime, foi morto na carceragem da PF, no dia seguinte. De acordo com Fontenele, o cozinheiro Abreu e os primos Samuel Cerqueira e Márcio Gomes o abordaram sem agressividade e perguntaram o preço de um programa, provocando uma reação do agente, que estava próximo, junto so travesti Josué Rosa, o Laíssa. "Agora vai pagar o programa, paga logo!", gritou. Começou uma briga, e Samuel lhe aplicou uma "gravata". O policial sacou da pistola e atirou duas vezes, acertando Samuel no peito, e seu primo, Márcio, na perna direita. O travesti disse não ter visto quem atirou em Moreira, porque fugiu, mas contou ter ouvido sete ou oito disparos. O taxista Carlos Gonçalves, que estava perto do local do crime, afirmou em juízo ter ouvido sete tiros: dois, seguidos de mais cinco após algum tempo. Os primos atribuem todos os disparos ao amigo Abreu, já morto. Entretanto, o delegado da PF Luiz Felipe Guimarães, que prendeu os três no Hospital Souza Aguiar - para onde foram após o crime -, declarou que Samuel admitiu inicialmente ter dado dois tiros no policial. Nesta terça-feira à tarde foi apresentado na Superintendência da PF o novo titular do inquérito que apura a morte do cozinheiro Abreu. O delegado de classe especial Paulo Correia Iung, de Joinville (SC), foi designado para assumir as investigações. Ele é o terceiro responsável pelo inquérito. Os principais suspeitos da morte de Abreu são os 19 policiais - 17 agentes e dois delegados - de plantão no dia 8 de setembro. O chefe da Comunicação Social da PF, Reinaldo de Almeida César, reconheceu que "o episódio foi constrangedor para a Polícia Federal", mas disse que "não vai jogar por terra a credibilidade e a confiança conquistadas em 38 anos". Segundo ele, "não há lugar para corporativismo, leniência com corrupção e excessos".

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